Rio de Janeiro, RJ 30/3/2021 – Conscientização sobre investigação de rotina é mais necessária durante a pandemia
No Mês da Mulher, debates relacionados com a desigualdade de gênero e empoderamento feminino estão entre os mais comuns. Por outro lado, esse também é o momento de gerar conscientização sobre a saúde feminina e o autocuidado, especialmente durante a pandemia – uma pesquisa do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) constatou que, em 2020, mais de 40% das mulheres não realizaram nenhuma consulta ginecológica de rotina.
Em um país que figura como a segunda faixa de mais alta incidência de câncer de mama no mundo, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), doença que representa a principal causa de morte em mulheres, a mudança nos cuidados com a saúde é alarmante e suscita a necessidade de ações para que exames de rotina estejam acessíveis a todas as mulheres.
Segundo o Dr. Luis Ronan Marquez Ferreira de Souza, radiologista, membro do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e diretor da Associação Brasileira das Clínicas de Diagnóstico por Imagem (ABCDI), o principal eixo de atuação da radiologia na saúde feminina é o preventivo. “As consultas periódicas fazem parte do cotidiano da maioria das mulheres. Dessa forma, exames de imagem como ultrassonografia e mamografia ajudam no diagnóstico precoce tanto das doenças mais comuns, como o câncer de mama, quanto de patologias ovarianas, como a endometriose e o tumor de ovário”, explica.
Outro exame de imagem de papel relevante na prevenção do câncer nas mulheres é a ressonância magnética, que, por meio do procedimento conhecido como estadiamento – localiza e detecta a extensão do câncer após o diagnóstico -, serve como mecanismo para auxiliar o oncoginecologista a fazer uma cirurgia mais efetiva.
“A paciente pode realizar um exame de rotina e descobrir uma alteração ovariana que pode ser diagnosticada por ultrassonografia, mas é possível que surja a necessidade de uma ressonância ou tomografia”, acrescenta o especialista.
Ronan também ressalta que, com relação à endometriose, o Brasil é uma referência internacional, em que o objetivo do médico radiologista é evitar o impacto na qualidade de vida e na fertilidade das pacientes: “Nesse ponto, nosso país está mais avançado, pois o diagnóstico e o mapeamento podem ser feitos por ultrassonografia e ressonância magnética”.
A partir do momento em que a mulher passa a ter um acompanhamento com um ginecologista, os exames de imagem de rotina passam a fazer parte do cotidiano feminino – seja uma ultrassonografia transvaginal na mulher com vida sexual ativa, seja uma ultrassonografia pélvica para controle de espessura endometrial ou alterações ovarianas que permitam algum tratamento precoce.
“É importante ressaltar que o diagnóstico auxiliado por exames de imagem não é direcionado apenas para doenças malignas. Doenças benignas que levam a alterações hormonais, como a síndrome do ovário policístico e más-formações uterinas, também podem ser identificadas, e essas pacientes jovens podem ser tratadas e obter melhora na qualidade de vida e sucesso em gestações futuras. No caso de mulheres com algum antecedente familiar, tanto doenças benignas quanto as relacionadas com o câncer, precisam ser observadas de perto”, afirma a Dra. Patrícia Prando, médica radiologista e membro do CBR.
A Dra. Patrícia também salienta que a radiologia tem passado por avanços constantes que permitem uma experiência cada vez melhor entre médico e paciente. “Na densitometria, por exemplo, temos equipamentos mais rápidos com menor dose de radiação que hoje fazem análise corpórea tanto de gordura quanto de massa magra. Para a mamografia, são inúmeros avanços. Os ultrassons são mais disponíveis e têm novos recursos e os exames de ressonância magnética tiveram grande desenvolvimento técnico, o que permite mais velocidade em sua realização e direcionamento para a suspeita clínica de cada paciente”, afirma.
“No entanto, os desafios relacionados com esses avanços recentes não residem apenas na tecnologia em si, mas na busca contínua por melhores padrões de qualidade, para que os exames e relatórios tenham os mesmos padrões de excelência, independentemente da região do Brasil em que sejam realizados, algo cada vez mais possível na era tecnológica em que estamos vivendo”, acrescenta a médica.