Belo Horizonte – MG 2/9/2021 – Muitas pessoas estão tomando consciência de que ter um organismo saudável é fundamental para ter mais saúde e mais longevidadeDe acordo com pesquisa, os suplementos alimentares estão presentes em 59% dos lares brasileiros; uso é recomendado por especialistas quando o consumo de minerais e vitaminas “in natura” é impossibilitado
A busca por uma boa alimentação é um desejo compartilhado pela maioria das pessoas, sendo a base de uma vida saudável. Porém, apesar de ansiada por muitos, nem sempre é possível que tal intenção seja alcançada, sendo a correria do dia a dia e os maus hábitos alimentares cultivados por anos a fio obstáculos para que isso aconteça. Nesse sentido, cresceu, por parte da população, nos últimos anos, o consumo de suplementos alimentares, que podem fornecer, como o próprio nome indica, vitaminas e minerais não ingeridos “in natura”.
De acordo com a segunda edição da pesquisa de mercado “Hábitos de Consumo de Suplementos Alimentares no Brasil”, encomendada pela Abiad (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres) e realizada pela empresa de inteligência de mercado Toledo & Associados em 2020, os suplementos alimentares estão presentes em 59% dos lares brasileiros, com, no mínimo, uma pessoa da casa consumindo algum produto.
Outra pesquisa realizada pela Abiad, em que foram avaliados apenas lares em que pelo menos um morador já fazia uso de suplementos alimentares, indicou um aumento de multivitamínicos e afins: 48% dos entrevistados aumentaram o uso, ao passo que 47% mantiveram a mesma taxa de consumo e 5%, diminuíram. Realizada em maio de 2020, poucos meses após o início da pandemia, o estudo apontou que a maior justificativa para o aumento do consumo se deu pela busca da melhoria da imunidade (63%).
Tal tendência ao consumo de suplementos alimentares pode estar relacionada à má alimentação dos brasileiros, que cada vez consomem menos verduras e legumes e mais alimentos industrializados. Isto fica evidenciado em pesquisa realizada em 2020 pela Unicamp (Universidade de Campinas) em parceria com a Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), que apontou que os legumes e verduras correspondem apenas a cerca de 4% do consumo alimentar dos brasileiros – além disso, enquanto o consumo de alimentos in natura caiu 7% entre 2002 e 2018, os processados e ultraprocessados subiram 18% e 46%, respectivamente.
Outro estudo, realizado em 2018 pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) indicou que, apesar de 71% dos entrevistados afirmarem preferir alimentos mais saudáveis, no momento da escolha entre um alimento mais saudável e outro com melhor sabor, 61% admitiram preferir aqueles mais saborosos.
Suplementos como alternativa ao consumo de vitaminas e minerais “in natura”
Além da questão da alimentação, existem outros fatores que induzem ao consumo de suplementos, como no caso do ácido fólico, cujo consumo por mulheres antes e durante a gestação é considerado por especialistas como essencial para auxiliar o fechamento do tubo neural dos bebês, que formará o sistema nervoso central. Outro caso diz respeito ao consumo de vitamina D por meio de suplementos vitamínicos para pessoas impossibilitadas de tomar sol, visto que a principal fonte de produção da vitamina se dá por meio da exposição solar – os raios ultravioletas do tipo B (UVB) são capazes de ativar a síntese desta substância, sendo o sol o responsável por 80 a 90% da vitamina que o corpo recebe.
Para Nino Gomes, sócio-diretor da Hüman Doctors, empresa que comercializa suplementos vitamínicos, o crescimento do uso de vitaminas e minerais em forma de cápsulas é decorrente da falta destes em muitos alimentos, visto que “os nutrientes já não são os mesmos de antigamente e o solo está cada vez mais contaminado”.
O empresário traz como exemplo o caso do magnésio, mineral encontrado em porcentagens baixas em alimentos em solo brasileiro devido à escassez de terras vulcânicas no país. “Trata-se de um nutriente superimportante para o corpo humano e é encontrado mais em regiões onde existem vulcões. E no Brasil não tem. Então, automaticamente esse nutriente essencial já é faltante no organismo de qualquer brasileiro”, afirma.
Gomes afirma que, por se tratarem de complementos alimentares, não se enquadrando como medicamentos, os suplementos não necessitam de receitas médicas e não são acompanhados de bulas. “Porém”, afirma, “existe a recomendação indicada pelo órgão regulador nos rótulos de cada, devendo o usuário utilizá-lo mediante a melhora no uso contínuo dessas vitaminas”. Nutricionistas e nutrólogos recomendam, no entanto, que sempre que possível, o consumo ideal de vitaminas e minerais deve se dar de forma “in natura”.
Muitas vezes, contudo, isto não é possível e, nestes casos, os suplementos são aliados à manutenção de índices ideais de vitaminas e minerais no corpo. “Muitas pessoas estão tomando consciência de que ter um organismo saudável é fundamental para ter mais saúde e mais longevidade e, na pandemia, esse mercado cresceu muito porque as pessoas estão despertando para o cuidado do corpo, mente e espírito e o hábito de suplementar é um dos caminhos para isso”, diz Gomes, ressaltando que suplementos relacionados à imunidade – como própolis, vitamina C, vitamina D, zinco, selênio entre outros – ganharam destaque nesse período.
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