O consumo de café no Brasil atingiu o segundo maior patamar que se tem registro de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). No total, o consumo da substância em 2020 foi de 21,2 milhões de sacas de 60 kg, o que representa um crescimento de 1,34% em relação ao ano de 2019, quando o consumo ficou no patamar de 20,9 milhões de sacas.
Apesar do número histórico, o recorde ainda continua sendo do ano de 2017, quando o consumo de café entre brasileiros chegou a 22 milhões de sacas. Esses dados combinam as informações de consumo de café torrado, moído, em grão e solúvel. O intervalo analisado foi entre novembro de 2019 e outubro de 2020.
Aumento do consumo de café por tipo
O café solúvel liderou o crescimento, expandindo seus consumidores em 3,18% e totalizando 934 mil sacas. Ainda assim, o café mais consumido continua sendo o torrado e moído, que cresceu 1,26% durante o período analisado, traduzindo-se em 20,2 milhões de sacas.
O consumo per capita do café em grão também aumentou sua popularidade, subindo 0,7% e totalizando 5,99 kg por habitante. O café torrado e moído, enquanto isso, também teve seu consumo per capita aumentado para 4,79 kg por habitante, um crescimento de 0,6% durante 2020.
Brasil na liderança do consumo de café
Com tamanhos resultados, o Brasil se consolida como o segundo país que mais consome café no mundo, perdendo o primeiro lugar para os Estados Unidos por uma diferença de apenas 6 milhões de sacas. Para Celírio Inácio da Silva, diretor-executivo da ABIC, existe uma razão: “O café tem apelo sentimental, familiar e de segurança. Quanto mais horas as pessoas passam em casa, mais café se consome”.
O café não foi o único alimento que teve seu consumo expandido durante a quarentena. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados (ABIMAPI), o consumo de alimentos como pão, bolo amanteigado, massas, fludens, brownies e biscoitos alavancou o crescimento do consumo de trigo em 15% no Brasil.
O crescimento vem como uma surpresa para especialistas do mercado de café, já que seu consumo apresentava uma tendência de queda, que se confirmou por dois anos consecutivos, caindo 4,15% em 2018 e 0,49% em 2019. Para Celírio Inácio da Silva, o aumento do consumo também pode estar relacionado ao aumento da qualidade do produto: “A gente espera que o crescimento seja sempre permanente. Se neste ano ocorrer um aumento igual, será bem-vindo”, explica o especialista.
Desafios para o crescimento do consumo de café
Apesar dos animadores índices, o crescimento do consumo do grão ainda tem desafios pela frente. Para profissionais do mercado, um ano financeiramente complicado, com aumento de dívidas e desemprego, pode influenciar consumidores a diminuírem o consumo de café.
Esse cenário se agrava, ainda, com a perspectiva de que o preço do café aumente nos próximos meses: “O custo médio dos cafés tradicionais é de menos de 2% do salário mínimo. É um valor insignificante. Os preços vão subir um pouquinho porque as empresas precisam ganhar margem após um ano de muito sacrifício em 2020”, explica o profissional da ABIC.