Os reflexos da pandemia continuam impactando o setor automobilístico, só que agora de forma positiva. Segundo uma pesquisa realizada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) em parceria com o site Webmotors, 75% dos brasileiros pretendem comprar ou trocar de carro ainda em 2021. O estudo ouviu 4,2 mil pessoas e revelou também que a escolha por adquirir um automóvel passou a ser mais racional do que emocional para 63% dos entrevistados, tendo a Covid-19 como principal fator motivacional.
Outro dado importante coletado no estudo é que 79% dos participantes que já têm um veículo próprio afirmaram tê-lo usado mais desde o agravamento da crise sanitária mundial, em março do ano passado. Entre aqueles que não possuem carro, 46% passaram a utilizar serviços de transporte por aplicativo; e outros 29% optaram pela caminhada a fim de evitar os meios coletivos, como ônibus, trens e metrô.
Um segundo levantamento, publicado pelo instituto de pesquisa Vox Populi, mostra que o temor causado pelo coronavírus transformou o carro no quarto objeto mais desejado do brasileiro. Utilizado como meio de evitar aglomerações e facilitar deslocamentos, o automóvel ficou atrás apenas da casa própria, da educação e dos planos de saúde no ranking das maiores necessidades da população.
Os modelos preferidos
Seja o consumidor que já teve um veículo e está retornando ao mercado ou aquele que está à procura do primeiro automóvel, cerca de 94% dos interessados em adquirir seu próprio meio de transporte pretendem comprar carros usados, um aumento de seis pontos percentuais em relação à última pesquisa da Anfavea, divulgada no segundo semestre do ano passado. Entre os modelos preferidos, destacam-se o hatch, com 36% das intenções de compra, os sedans (34%) e os SUVs (20%).
Apesar da alta intenção do consumidor em comprar carro, muitos deles ainda esbarram no fator financeiro. Para 58%, o alto preço dos automóveis é um impeditivo, enquanto 29% lamentaram o valor elevado dos juros de financiamento. De acordo com o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, os principais motivos que alavancaram os preços dos carros foram o aumento da demanda e a falta de peças, muito por conta das paralisações de fábricas no auge da pandemia.
Por ora, Moraes acredita que a indústria automobilística deverá normalizar sua produção apenas em 2022. Paralelamente, a fim de contribuir com o mercado, muitas empresas vêm inovando no comércio de peças automotivas, oferecendo uma série de opções de produtos, como bateria de carro, sistemas de telefonia, nobreaks, alarmes, entre outros.
Vendas de SUVs usados quase dobram no início de 2021
Mesmo ocupando apenas a terceira posição no ranking de preferências do público, os modelos SUVs apresentaram o maior crescimento nas vendas no primeiro trimestre de 2021. É o que diz uma pesquisa da OLX, que viu um aumento de 96,5% na comercialização desse tipo de veículo em sua plataforma entre janeiro e março, na comparação com o mesmo período de 2020. Esse número é ainda quase três vezes maior do que o alcançado com a venda de automóveis.
Líder de vendas nas versões zero quilômetro, o Jeep Compass também tem sido o grande destaque entre os usados, apresentando alta de 174,4% nas comercializações nos três primeiros meses deste ano. Logo atrás, completando o pódio, vieram o Jeep Renegade (+128,1%) e o Hyundai ix35 (+115,8%). O Compass ainda liderou outras duas listas: a de crescimento em procura (+74,3%) e a de variação em anúncios (53,6%).