As restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, há mais de um ano, têm transformado hábitos de pessoas do mundo todo, até mesmo hábitos digitais e com isso mudado alguns padrões de comportamento, inclusive em relação ao entretenimento. Uma pesquisa realizada pela Comscore aponta que a audiência em plataformas digitais brasileiras tem registrado um crescimento considerável: aumento de 22,8% na categoria entretenimento e 26,2% nas redes sociais, segundo números obtidos no início de 2020.
Somado a isso, com o avanço da transformação digital – impulsionadas também pela Covid 19, muitas pessoas passaram a consumir o que, normalmente, não consumiam. Um exemplo é o crescente número de jovens, com idades entre 18 a 25 anos, que têm ouvido música clássica nesse período. Segundo os participantes da pesquisa, a sensação de relaxamento e bem-estar ligado a algo que eleva o espírito são alguns dos atrativos que os levam a ouvir músicas de orquestras.
Para eles, esse tipo de música os mantêm tranquilos e ajudam a se concentrarem enquanto trabalham ou estudam. E além de ouvirem as obras através de streamings de música esse público, mais jovem, tem acompanhado concertos de orquestras, transmitidos pela internet, o que colabora ainda mais para o rejuvenescimento do público que consome esse tipo de gênero.
Assim como os espectadores, diversos músicos encontraram nas redes sociais a possibilidade de estender a paixão pela música. Um levantamento feito pela Royal Philharmonic Orchestra da Inglaterra mostrou que as mesmas pessoas que consomem música clássica através da internet usam a rede para buscar conteúdos ligados a esse universo e isso pode ser constatado pelo número de profissionais da área que têm usado as redes sociais e grandes plataformas para levar a arte e até mesmo seus conhecimentos, sobre música, ao grande público.
Marcus Held, criador do projeto Música Pretérita, é um desses profissionais.Violonista, professor e pesquisador, o músico, que é doutorando e mestre em Musicologia pela Universidade de São Paulo (USP), tem disseminado a pesquisa em música histórica através da internet. Especialista em músicas dos séculos XVI, XVII e XVIII, Marcus utiliza seus canais para mostrar como a música e a história podem revelar muito sobre o mundo atual, sempre usando o pensamento musical para lançar provocações e reflexões sobre o tema.
Entre os seguidores estão não só acadêmicos e músicos, como pessoas que apenas se interessam por obras de música sinfônica. Por isso Marcus aborda um conteúdo elaborado, de forma reflexiva, criando aproximação e desmistificando o assunto sem perder a profundidade. Em suas publicações o músico une música, arte, história e traz o contexto em que esses registros aconteceram para que quem leia, possa admirar e ao mesmo tempo refletir sobre o tema.
Para as pessoas participantes dessa pesquisa criar essa aproximação e estar aberto a todo tipo de público é o caminho para que instituições culturais se tornem melhores e mais relevantes. Com um potencial público a ser conquistado, todos os esforços nesse sentido são bem-vindos e podem contribuir para que o acesso à cultura seja disseminado e mais pessoas possam apreciar essa arte, até mesmo como instrumento de transformação.