22/3/2022 – O cigarro eletrônico possui produtos químicos muito nocivos à nossa microbiota bucal, interrompendo o equilíbrio das bactérias e causando algumas doenças bucaisUso de dispositivo que produz vapor com nicotina e aromatizantes é crescente entre fumantes, não fumantes e jovens; para especialista, e-cigarette pode causar problemas que vão do mau hálito ao câncer
Fumar inalando apenas vapor, livre da fumaça produzida pela queima de tabaco do cigarro tradicional. Essa promessa dos cigarros eletrônicos, também chamados de vaporizadores ou e-cigarette, pode parecer atraente, mas esconde riscos à saúde semelhantes aos de outros objetos fumígenos. Além de poderem causar danos aos pulmões e ao coração, o vapor desses aparelhos prejudica a saúde bucal.
O cigarro eletrônico se popularizou como uma alternativa para fumantes que desejavam reduzir os danos à saúde causados pelo tabagismo. Devido ao fato de utilizar uma bateria que aquece um líquido contendo nicotina, o dispositivo dispensa a combustão de tabaco, que produz milhares de substâncias nocivas para o organismo.
Contudo, é crescente entre médicos e pesquisadores a percepção de que o vapor produzido pelo e-cigarette também contém milhares de substâncias que podem provocar doenças. Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), os dispositivos eletrônicos para fumar não são seguros e podem causar doenças respiratórias, como o enfisema pulmonar, doenças cardiovasculares, dermatite e câncer.
Um outro alerta que vem sendo feito é sobre os prejuízos à saúde bucal. “O cigarro eletrônico possui produtos químicos muito nocivos à nossa microbiota bucal, interrompendo o equilíbrio das bactérias e causando diversos tipos de doenças bucais”, afirma Augusto Lima Miranda, ortodontista da Rede Odonto.
Segundo o especialista, o uso do cigarro eletrônico pode levar a problemas como mau hálito, retração gengival, escurecimento da gengiva e dos dentes, bruxismo, doenças periodontais e câncer.
A afirmação de Miranda encontra respaldo em estudos realizados por pesquisadores da Faculdade de Odontologia da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos. O mais recente deles, publicado na revista mBio, apontou justamente que usuários de cigarros eletrônicos têm um microbioma oral menos saudável do que o dos não fumantes – a pesquisa também indicou como se deu o agravamento da doença gengival ao longo do tempo.
Apelo aos jovens
Um grande problema relacionado a esse tipo de aparelho está no apelo que ele possui para o público jovem. Nos EUA, a FDA (Food and Drug Administration), agência responsável pelo controle de remédios e alimentos, afirma que o uso de cigarros eletrônicos por jovens tornou-se um problema de saúde pública.
A atratividade que o e-cigarette provoca pode estar associada ao caráter tecnológico do dispositivo e por ser possível adicionar a ele aromatizantes. Segundo o INCA, a adição de substâncias aumenta os níveis de toxicidade do aparelho, tornando-o tão prejudicial quanto o cigarro tradicional.
“Os cigarros eletrônicos vêm ganhando mais popularidade entre fumantes, não fumantes e jovens no Brasil. Por conter aromatizantes, atraem diversos tipos de público”, explica Miranda. O fato de ser utilizado por não fumantes e jovens preocupa as autoridades, já que houve no Brasil uma redução significativa no uso de tabaco, que passou de uma prevalência na população de 15,7% em 2006 para 10,1% em 2017.
“Cabe salientar que grande parte da população brasileira já possui algum tipo de problema de saúde bucal que pode ser agravado com o uso do cigarro eletrônico, podendo causar complicações bem maiores”, completa o especialista.
Tratamento para a saúde bucal
Quem precisa tratar danos causados pelo fumo à saúde bucal deve procurar clínicas e profissionais especializados. “O tratamento mais comum, caso o indivíduo não pare de usar o cigarro eletrônico, é a visita regular a cada quatro meses ao dentista”, diz Miranda.
De acordo com o especialista, é necessário realizar procedimentos que permitam manter a saúde dos ossos da boca, da gengiva e dos dentes. “O tratamento odontológico permite restabelecer o microbioma bucal e a função mastigatória mais adequada”, diz ele.
Para saber mais, basta acessar o site: www.redeodonto.com.br
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