O Egito está tentando atrair mais visitantes do Brasil buscando atenuar o impacto da invasão da Ucrânia pela Rússia. Com o conflito prejudicando as chegadas russas e ucranianas, que representavam de 30% a 40% dos visitantes do país árabe, as autoridades estão buscando facilitar a chegada de turistas da América do Sul, especialmente do Brasil. Segundo informações divulgadas pela Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo), a EgyptAir voará para o Brasil pela primeira vez ainda este ano – conectando nosso país ao Egito em um voo direto. “Nações latino-americanas como o Brasil representam um novo mercado para o Egito”, afirmou em entrevista a vice-ministra de turismo do país, Ghada Shalaby.
O setor de turismo egípcio vem tentando se recuperar de uma série de contratempos nos últimos anos, incluindo a queda de um avião, em 2015, causando a morte de 224 passageiros e tripulantes – depois do incidente, alguns países suspenderam seus voos para o país. O setor de turismo também foi duramente atingido pela pandemia de covid-19. Em março de 2020, o ministro do turismo, Khaled al-Anani, afirmou que o Egito havia perdido cerca de US$ 1 bilhão em receita por mês em decorrência da suspensão de voos e do fechamento dos principais destinos turísticos locais.
“A turbulência no turismo egípcio vem de longa data, mas a história e as riquezas naturais do país seguem atraindo milhares de visitantes”, diz Pedro Arieta, fotógrafo, dive master e diretor criativo da revista 8×10. O brasileiro já visitou o Egito 18 vezes desde o seu primeiro desembarque no país, em 2004. “Mais do que pirâmides e templos, o Egito tem praias belíssimas e pouco exploradas”, conta. Desde 2005, Pedro guia grupos de mergulho no famoso Blue Hole, eternizado pelo explorador francês Jack Cousteau, enquanto documenta em fotografia a crescente interação entre locais e turistas na praia de Dahab, na costa sudeste do país. “Nos últimos anos, foi notável o aumento de brasileiros visitando o litoral do Egito em busca de locais para mergulhar”, afirma.
O fomento ao turismo submarino faz parte de uma estratégia lançada pelo Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito com incentivos para agentes de viagem especializados em destinos esportivos. Os novos pacotes serão apresentados na primeira conferência internacional de turismo no Egito, a Gate Travel Expo, com a participação de mais de 200 empresas especializadas e patrocínio da Skydive Pharaohs, um dos principais players na área do turismo esportivo.
Para ajudar na retomada econômica do setor, as autoridades egípcias também construíram e reformaram museus, incluindo o gigantesco Grande Museu Egípcio perto do Planalto de Gizé, maior museu do mundo dedicado a uma única civilização, com inauguração marcada para novembro de 2022.
O turismo contribui com cerca de 12% para o produto interno bruto do Egito. Em 2021, o setor atingiu uma receita de US$ 13 bilhões, de US$ 4 bilhões no ano anterior. “As expectativas para o turismo egípcio em 2022 não são melhores do que no ano passado”, afirmou a vice-ministra Ghada Shalaby, sem revelar projeções. Segundo ela, no longo prazo, “o Brasil e outros países da América Latina têm potencial para dar suporte ao setor de turismo e ajudar a impulsionar a economia” do país árabe mais populoso do mundo.