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O volume de vendas no mercado mundial de arte cresceu 4% em 2023, com relação ao ano anterior, segundo a pesquisa The Art Basel & UBS Art Market Report 2024. O índice corresponde a US$39,4 milhões.
De acordo com o relatório, o aumento ocorreu no número de transações de níveis de preços mais baixos – para revendedores e casas de leilão – e a retração se deu em frentes onde os volumes costumeiramente são menores.
Para a colecionadora de arte Marta Fadel o cenário corresponde a atual situação do mercado internacional de arte. “A incerteza econômica global pode ter levado colecionadores a adotar uma abordagem mais cautelosa, concentrando-se em obras de menor valor, mas diversificando suas aquisições”.
Por outro lado, a especialista também aponta outro comportamento do consumidor. “Apesar da prudência, também há a busca por oportunidades. Com a expansão do mercado online, a compra de peças de arte se tornou mais acessível, aumentando o número de transações com valores médios mais baixos”.
Segundo a pesquisa, as vendas online, em 2023, representaram 18% do faturamento total do mercado e estão em ascensão. As estimativas indicam US$ 11,8 bilhões em vendas no ano, um aumento de 7% em relação a 2022. O valor é quase o dobro do período pré-pandemia – anterior a 2020, apesar do melhor desempenho ter sido registrado em 2021, US$ 13,3 bilhões.
“O mercado de arte global é dinâmico e altamente influenciado por fatores econômicos, culturais e tecnológicos. Atualmente, observamos uma maior democratização do acesso à arte devido à digitalização e ao crescimento de plataformas online, ao mesmo tempo em que o segmento de luxo continua a sustentar uma demanda por peças de alto valor”, avalia a colecionadora.
No entanto, Fadel esclarece que a instabilidade econômica em algumas regiões pode afetar a confiança de compradores e investidores. “O mercado de arte de alto valor depende muito de confiança e relacionamento pessoal. Colecionadores de peças mais caras geralmente preferem avaliar as obras presencialmente, garantindo autenticidade, qualidade e um contato direto com o vendedor”.
O relatório apontou uma tendência de vendas offline para obras mais caras. Com dados do setor de leilões de belas artes em 2023 que mostraram que as vendas offline foram fortemente dominadas pelo segmento de vendas com valor maior que US$ 1 milhão. Além disso, mais de 95% das transações em leilões somente online foram por preços inferiores a US$ 50 mil e mais de 85% foram obras vendidas por menos de US$ 250 mil.
“As negociações de alto valor frequentemente envolvem questões de exclusividade, sigilo e personalização, características que a modalidade offline oferece com mais eficiência. A experiência de uma venda presencial, muitas vezes em eventos ou galerias renomadas, também agrega valor simbólico à transação”, explica a especialista.
Tendências para o mercado de arte em 2025
Fadel enfatiza que em 2025, haverá uma crescente ênfase na arte como ferramenta de impacto social, seja para abordar questões como desigualdade, inclusão ou mudanças climáticas. “O mercado de arte sempre foi um reflexo das transformações sociais, econômicas e culturais. A arte contemporânea está em alta, com ênfase em temas como sustentabilidade, diversidade e tecnologia, refletindo as preocupações sociais atuais”.
O levantamento mostrou que em 2023, quase 36 mil obras vendidas em leilão foram criadas nos últimos 20 anos, o que representou 30% do setor mais amplo do Pós-Guerra e Contemporâneo em valor.
Conforme apontado pela especialista, algumas tendências para o mercado de arte em 2025 são a hiperconexão digital, ou seja, uma maior integração de tecnologias como inteligência artificial e realidade aumentada; a sustentabilidade, presente em obras e artistas que priorizem práticas sustentáveis e narrativas ecológicas; o interesse por artistas de mercados emergentes e a busca por obras que reflitam diversidade cultural.
A colecionadora de arte indica ainda que a tecnologia blockchain continuará impactando o mercado, mas de forma mais madura, com foco em autenticidade e exclusividade digital; assim com a experiência híbrida, a disponibilização de eventos combinando interações online e presenciais, com maior alcance e engajamento.
“A educação artística e o uso de redes sociais continuarão a atrair novos públicos, especialmente as gerações mais jovens, que se interessam por adquirir arte como forma de expressão pessoal e investimento. A colaboração entre artistas, marcas e tecnologias também promete expandir ainda mais os limites do que entendemos por mercado de arte”, finaliza.
Marta Sahione Fadel – Arte & Direito