O Brasil enfrenta uma crise silenciosa de saúde mental. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o país lidera o ranking global de transtornos de ansiedade, com 18,6 milhões de brasileiros afetados — o equivalente a 9,3% da população. Esse cenário tem impulsionado a busca por abordagens terapêuticas complementares, como a hipnose clínica, que vem sendo reconhecida por sua eficácia no apoio à saúde emocional. No Brasil, a hipnose clínica é regulamentada por diversos conselhos profissionais da área da saúde, incluindo o Conselho Federal de Medicina (CFM), o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e o Conselho Federal de Odontologia (CFO). Além disso, desde 2018, a hipnoterapia foi incorporada pelo Ministério da Saúde como uma das Práticas Integrativas e Complementares (PICS) disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), conforme a Portaria nº 702/2018, e está presente em unidades públicas de saúde, reforçando sua relevância como recurso de apoio emocional.
A técnica, conduzida por profissionais especializados, permite ao paciente acessar, de forma consciente e segura, padrões emocionais que influenciam pensamentos e comportamentos. “A hipnose clínica é um recurso que amplia a consciência. Ela nos ajuda a identificar as origens emocionais de sintomas que, muitas vezes, se repetem ao longo da vida sem que a pessoa compreenda por quê”, explica Giuliana Guimarães, hipnoterapeuta e idealizadora do método Programação Neurobiológica Integrativa (PNI), que integra hipnose, neurociência, psicanálise e escuta terapêutica.
Utilizada no contexto clínico, a hipnose tem demonstrado bons resultados em casos de ansiedade, traumas emocionais, compulsões, baixa autoestima e padrões de dependência emocional. “É comum que o paciente traga queixas como dificuldade de confiar nas pessoas, medo de rejeição ou sensação constante de estar sobrecarregado. Muitas dessas reações estão ligadas a experiências passadas que permanecem ativas no inconsciente”, afirma Giuliana Guimarães.
Estudos conduzidos por pesquisadores da Stanford University School of Medicine indicam que o estado hipnótico ativa regiões cerebrais relacionadas à auto regulação emocional, facilitando a reorganização de respostas diante de situações desafiadoras. A pesquisa destaca que a hipnose produz alterações mensuráveis no cérebro, com potencial terapêutico em contextos clínicos.
Com a ampliação dos atendimentos on-line, o acesso à hipnose clínica tem se tornado mais amplo e democrático. Pessoas de diferentes regiões agora podem iniciar um processo terapêutico estruturado com conforto, acolhimento e profundidade emocional. Segundo Giuliana Guimarães, esse formato permite manter a qualidade do atendimento e a conexão terapêutica: “A hipnose é um recurso acessível e transformador. Mesmo à distância, é possível criar um espaço seguro para que a mudança aconteça com clareza e consciência”.