Por Renato Bueno*
Na década de 1980 a IBM marcou época com seu bordão ”Ninguém nunca foi demitido por comprar IBM”. Frase genial, que refletia o papel de TI: um meio, uma componente processual em uma empresa. Dez anos depois, surgiram a world wide web e a telefonia celular, trazendo mobilidade, liberdade, interatividade, tudo de forma instantânea. O mundo mudou. As próximas gerações – já habituadas à disponibilidade e velocidade na busca e troca de informações – jamais terão escrito cartas porque hoje tudo é feito em tempo real. “A próxima geração“ de quem falamos já tem hoje 25 anos e está revolucionando o consumo de produtos, de conteúdo e o ambiente de trabalho. Como tudo isso impacta nossas empresas e profissionais e TI?
Nos dias atuais, em que não se dissocia produtos de serviços, a Tecnologia da Informação é mais do que nunca um diferencial competitivo em qualquer empresa, independente do segmento ou tamanho. Um ERP bem desenhado, um CRM eficiente e prático, interfaces de relacionamento com clientes internos e externos eficazes podem reduzir custos, incrementar vendas, assegurar market share e fidelizar o cliente. É importante repensar os processos, governança e paradigmas de tecnologia nas empresas com objetividade e pragmatismo.
O profissional de tecnologia precisa, portanto, conhecer e focar nos objetivos de negócio da empresa. Se você está em um ambiente onde todas as demandas partem das áreas de marketing, vendas ou operação, reflita. Algo está errado. A mobilidade e a evolução das plataformas disponíveis em nuvem tornam a implantação de novas soluções, por mais inovadoras e desafiadoras que sejam, rápidas e custo-efetivas. Os geeks devem assumir seu papel de liderança e protagonismo. Levando inovação aos processos corporativos e não aguardando pelas reclamações operacionais.
De acordo com o relatório Digital, Social e Mobile 2015, desenvolvido pela agência de marketing digital We Are Social, os brasileiros ficam em média 3,8 horas por dia conectados a dispositivos móveis. As atividades se baseiam em acesso a aplicativos, principalmente de mídias sociais e vídeos (23%), mobile banking (18%) e aplicativos de localização e games, que registraram 17% cada um. Já uma pesquisa divulgada recentemente pela ComScore apontou que cada brasileiro tem, em média, 16 aplicativos baixados em seu smartphone ou tablet.
Para se ter uma ideia do quanto o comportamento dos consumidores impactam na transformação tecnológica, dados apresentados pelo Nielsen mostram que os três momentos em que os brasileiros mais acessam seus smartphones são: durante espera, como filas e trânsito (58%); antes de dormir (48%), e logo após acordar (4%).
Diante desse cenário, onde a mobilidade é parte da vida dos colaboradores e clientes de qualquer empresa, como integrar a mobilidade em seus processos? Qual sua estratégia de BYOD (Bring your own device)? Qual sua estratégia de relacionamento com clientes internos e externos através das redes sociais, e dispositivos móveis? Como aplicar uma proposta de Mobile Learning? M-Commerce?
O CIO deve reavaliar a sua posição. Ele não está isolado, mas é um dos principais atores que deve entender e integrar as demandas das principais áreas de negócios, como marketing, finanças, relacionamento com os clientes, entre outras. Somente assim, as organizações terão a TI como diferencial competitivo e o seu papel será de acompanhar as transformações na TI. Para isso, é preciso deixar de lado a antiga visão de centralizar a administração do parque de TI e mergulhar de vez no universo da terceira plataforma, onde o conceito e a adoção de serviços em Computação na Nuvem e estratégias de marketing digital já são uma realidade.
* Renato Bueno é Sócio-diretor da Skills Brasil