Por Herbert Scheiner *
Ter um profissional dedicado às compras sempre foi indispensável para as empresas. Mas, com a aceleração da transformação digital e a consequente automação dos processos, o comprador deixou de ser mero coadjuvante operacional e ganhou protagonismo, tempo e inteligência para desempenhar funções mais estratégicas dentro das companhias. Outro fator que evidenciou seu papel importante foi a pandemia. As crises de saúde e econômica do país impactaram o supply chain, evidenciando a necessidade de compradores preparados para manter a continuidade e eficiência das operações nas empresas.
Diante do novo cenário, saber implantar e utilizar tecnologias é indispensável para o profissional que deseja estar em dia no mercado. Os recursos digitais trazem benefícios, como redução de custos, agilidade nos processos de compras, compliance e governança, uniformização de fluxos, informações mais organizadas e disponíveis, redução de carga burocrática e colaboração com a cadeia de fornecimento.
Essas vantagens tecnológicas direcionam o comprador ao que realmente importa em uma compra: análise crítica e busca constante pelo melhor cenário em uma negociação. Para isso, destaco aqui habilidades não técnicas, também chamadas de soft skills, que ganharam destaque maior na carreira do profissional de compras. Comunicação, autonomia, colaboração e flexibilidade são apenas algumas das competências que devem acompanhar a nova era da profissão.
Ter um bom relacionamento com a cadeia de fornecimento para conquistar parcerias sustentáveis e sólidas, tanto nas situações normais quanto nos momentos de crise, exige tempo e dedicação. Aqui, podemos destacar a criação de processos de gestão de riscos (previstos ou não) e a visão ampla sobre o nível de parceria com cada fornecedor. Também é importante manter uma base de fornecedores homologada e avaliada, a fim de mitigar riscos que comprometam o resultado da companhia, como desabastecimento, corresponsabilidade fiscal e trabalhista, entre outros fatores que podem destruir a reputação e imagem da organização.
A proatividade e o conhecimento das áreas em que atende são habilidades necessárias, pois podem auxiliá-lo no desenvolvimento de novos fornecedores e no alinhamento de diferentes projetos junto às necessidades e estratégias da empresa.
Reforço que, para consolidar processos que garantam um foco maior em aspectos mais estratégicos, o profissional de compras deve ter a tecnologia como principal aliada e nunca encará-la como uma ameaça. O mercado atual exige que o profissional seja analítico, trabalhe com indicadores de performance e tome decisões cada vez mais assertivas. Acredito que, em breve, muitas empresas terão um ecossistema tecnológico que permitirá à área de compras gerenciar todas as frentes da cadeia de suprimentos de forma clara, rápida e muito orientada a dados. Então, quem for avesso à tecnologia, vai ficar para trás.
* Herbert Scheiner é supervisor de compras BPO (Business Process Outsourcing) do Mercado Eletrônico
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