Não há exagero quando se fala que na internet das coisas absolutamente qualquer coisa pode literalmente estar conectada e transmitindo informações. Exagero, provavelmente, é a atual mania da indústria de transformar tudo em algo inteligente e, com isso, comprometer a privacidade das pessoas. O exemplo de invasão de limites de hoje é a empresa canadense We-Vibe, que fabrica acessórios sexuais. A companhia foi intimada a pagar multas que devem chegar a US$ 3 milhões por espionar a vida sexual de seus consumidores.
Por envolver sexo, a história parece bizarra. Contudo, é um alerta de até onde pode chegar a tecnologia e como algo útil pode se tornar invasivo. Os vibradores inteligentes We-Vibe 4 Plus e o Rave foram projetados para ser usados por casais em seus atos sexuais.
Os produtos se conectam a um app em smartphones e permitem que os parceiros controlem as funções do dispositivo sexual remotamente. Há vários movimentos específicos e controles de intensidade que podem ser feitos e que estão relacionados no site da empresa. O app, aparentemente, ajuda a coletar e cruzar dados que mostram qual função é a preferida. Só que isso não estava sendo algo privado.
Invasão de privacidade
Em setembro de 2016 a companhia foi acusada de coletar os dados dessa atividade privada de seus consumidores. A denúncia havia sido postada em sites de hackers, que demonstraram que o aplicativo estava sendo usado para colher informações sensíveis de uso dos clientes e enviá-las aos servidores da We-Vibe.
A empresa que controla a We-Vibe, a Standard Innovation, alegou, na época, que nenhum dado de usuário foi vazado publicamente. Com o decorrer das denúncias, a companhia concordou em pagar até US$ 10 mil para clientes dos EUA depois de ter visto seu nome em alguns processos por violar as leis de proteção ao consumidor e privacidade.
Em 9 de março, uma corte federal de Chicago deu ganho de causa a dois outros consumidores, abrindo o caminho para outros processos no valor de US$ 5 milhões.
Com a situação aparentemente incontrolável, a Standard Innovation concordou em pagar, conforme o caso, até US$ 10.000 aos clientes que baixaram e usaram o aplicativo e os brinquedos sexuais We-Vibe. Pagará, também, US$ 199 para aqueles que acabaram de comprar um produto We-Vibe conectado à internet.
A empresa informou que o valor total chegará a cerca de US$ 3 milhões, mas não disse quantos consumidores devem receber o dinheiro nem em quais países. A marca comercializa seus produtos pela internet, num e-commerce, e atende consumidores do mundo inteiro. Os produtos que levaram a empresa a juízo continuam sendo vendidos.
Um porta-voz da We-Vibe disse à Fortune que a empresa estava satisfeita por ter chegado a uma “solução justa e razoável nesta questão”. “Aumentamos nossos avisos de privacidade e a segurança de aplicativos, proporcionamos aos clientes mais opções nos dados que compartilham e continuamos a trabalhar com os principais especialistas em privacidade e segurança para aperfeiçoar o aplicativo”.
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