Por Carlos Zago*
Cada vez mais me convenço que houve uma falha na evolução/design divino (o que quer que você acredite mais), em relação ao desenvolvimento do Músculo Extensor dos Dedos. Para quem não conhece, esse é um músculo localizado no antebraço, que… [read more=”Continuar lendo…” less=”Menos”]
…permite que nossos dedos se estiquem. Tenho total convicção que viveríamos numa sociedade melhor se esse músculo fosse subdesenvolvido e tivéssemos que realizar um esforço quase hercúleo para apontar o dedo a alguém.
Quando surgiu a notícia que a Anitta faria um discurso em Harvard, muitos fizeram uso do músculo supracitado, criticando a escolha, chacoteando, achando um verdadeiro absurdo a escolha de uma funkeira para representar o Brasil numa das melhores universidades do mundo.
Não vou nem tangenciar o mérito que boa parte dessas pessoas não têm conteúdo que lhes garanta sequer um convite para palestrar na feira de ciências do colégio do bairro. A questão é que parece tão fácil erguer o primeiro quirodáctilo, que muitos o fazem tão rápido que não deixam tempo para as sinapses cerebrais trabalharem. Me pergunto: quem deve ter raciocinado pouco nesse cenário, os curadores de Harvard ou os críticos precoces do Facebook?
Pois bem, a cantora não foi chamada a Harvard por sua excelência musical, tampouco por ser uma representante da cultura brasileira. Ela foi chamada por ser um CASE. Sim, um dos maiores cases de sucesso em gestão no meio da música. Durante a sua palestra, Anitta demonstrou como decidiu demitir sua empresária e assumir o controle de sua carreira.
Formada em administração, ela decidiu estudar o mercado da música, partindo da pesquisa de campo em baladas (para estudar o processo de decisão dos DJs na hora de escolher as músicas) até reuniões com produtores musicais. Esse processo a fez definir seu ritmo, suas letras e até mesmo a língua em que cantaria, visando atingir o maior público possível. Conclusão, em tempo recorde ela se tornou uma das 100 pessoas mais influentes do mundo segundo a revista Vogue.
Vale lembrar que a qualidade de sua música não é o que está em jogo aqui, mas sim o
tamanho de seu mercado consumidor
Data Driven Business é o nome do jogo
Não há dúvidas que salada é melhor para a saúde que hambúrguer, mas não vemos muitas “saladerias” abertas por aí. O mesmo se aplica a esse caso: se a música do momento fosse o Jazz, provavelmente Larissa de Macedo Machado [verdadeiro nome de Anitta] se lançaria como Anitta Franklin.
Mas me estendo por esses parágrafos, não para defender a empresária Anitta ou a sua música, mas para ressaltar o quão rápidos somos em julgar e quanta preguiça há em se pesquisar os dados por trás de alguns fatos. Meu pai costumava dizer que “trabalhar dá sorte”.
Sábio e velho pai, em três palavras resume tão bem a percepção que o mundo externo pode ter do sucesso de uma pessoa dedicada. De fato, esse comportamento é o que eu gosto de definir como Síndrome do Apostador de Loteria, a qual acomete a pessoa que vive na esperança de ganhar um prêmio, de conseguir sucesso e fama de maneira repentina, de clientes simplesmente aparecerem, de ter, em suma, sorte…
Logo, essas mesmas pessoas tendem a interpretar qualquer conquista alheia como sendo um exemplo de alguém que conseguiu chegar à sua meta: ter sucesso sem se esforçar para tal.
Esse comportamento está presente tanto em pessoas acomodadas, quanto em trabalhadores ávidos, mas que gostariam de não ter que se esforçar tanto. E são essas pessoas, as que primeiro apontam o dedo para criticar qualquer vislumbre do sucesso alheio, não por inveja, mas pela dificuldade em raciocinar que trabalhar, e o mais importante, gostar de trabalhar, com o que lhe dá prazer é a chave para se dedicar além dos limites e, consequentemente, atingir o tão sonhado e desejado sucesso.
[/read]’*Carlos Zago é médico e especialista em inovação; é formado em Medicina pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), com MBA em Gestão Estratégica de Negócios pela Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP).
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