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Ataques cibernéticos ameaçam a democracia, alerta a OTAN



O vice-secretário-geral adjunto para Desafios Emergentes de Segurança da OTAN Jamie Shea, está preocupado com os ataques cibernéticos que, na percepção dele, lançam ameaças muito além do espectro individual e podem comprometer a natureza fundamental da democracia como um todo. “Nos preocupávamos com hackers que tinham como alvo bancos, cartões de crédito ou incomodavam indivíduos, agora nos preocupamos com o futuro da democracia, a estabilidade e a saúde de nossas instituições ”, disse ele, falando na Cúpula Europeia de Segurança da Informação, em Londres.

O posicionamento do secretário tem como base os ataques cibernéticos ocorridos em 2016 e que marcaram uma mudança do foco de criminosos e espiões digitais. Há suspeitas sérias de que as campanhas da última americana foram influenciadas por hackers estrangeiros a serviço de outros governos. A invasão dos sistemas do comitê do Partido Democrata e a utilização de bots da Europa Oriental para espalhar notícias falsas do lado republicano levantaram o alerta sobre os efeitos da falta de segurança digital nas democracias.

O ano ainda foi marcado por invasões de sistemas de governos pelo mundo. Botnets derrubaram a internet mais de uma vez durante 2016 e ataques de negação de serviço tiraram serviços públicos do ar. Há ainda o crescimento dos malwares que travam dados nos computadores e exigem resgate para liberá-los, os chamados ramsonwares.



O secretário apontou que partidos na França e Alemanha já notaram tentativas de ataques semelhantes. Ele mostra preocupação com as próximas eleições que ocorrem durante esse e o próximo ano na Europa. De acordo com ele, os agentes que organizam ataques cibernéticos com fins políticos estão mais habilidosos e com mais poder computacional à disposição.

Citando o impacto de incidentes de alto perfil como esses, Jamie Shea aponta que o uso de voto eletrônico que estão ligados a redes de telecomunicações começa a ser repensado em alguns países.”Há um temor que votos possam ser manipulados num futuro próximo”, disse ele.

Esse, na sua visão, seria o golpe fatal para fazer ruir o tecido social ocidental. “Podemos perder a fé na democracia e nos próprios instrumentos que criamos para estimular a nossa economia e a globalização”, destacou.

Os ataques contra o Comitê Nacional Democrata não são um incidente isolado. Shea detalhou casos na França e na Alemanha, onde os políticos foram avisados ​​de campanhas de hackers que buscam “desestabilizar as organizações, minar publicamente sua reputação, minar a confiança pública nos sistemas democráticos e se intrometer nas eleições”.

Novo território
Como um reflexo desses temores, a OTAN declarou recentemente que o mundo ciber é um território a ser protegido também. Assim como terra, mar e ar, os sistemas digitais são fronteiras que precisam de investimentos e esforços para impedir que uma sociedade entre em colapso após um ataque.

“Não há dúvida de que o ciber terá impacto sobre a nossa estratégia militar e se não conseguirmos dominar isso antes, mais cedo ou mais tarde um adversário o fará”, disse Shea.

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