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Big data faz estatística ser profissão de futuro



A melhor carreira de 2017 nos Estados Unidos, segundo o site CareerCast, é também a segunda mais rentável no Brasil, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Apesar de pouco conhecida, a estatística — ciência que coleta, analisa e sumariza dados — é reconhecida como a profissão do futuro na era do Big Data.

“A demanda pela carreira é causada pela enorme quantidade de dados produzidos diariamente, contrastando com a falta de profissionais formados para lidar com eles”, explica Adilson Simonis, professor do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, em São Paulo, a primeira unidade a oferecer a graduação em Estatística na Universidade.

Acompanhando a tendência do mercado, foi criada, em 2009, a segunda graduação em Estatística da USP, no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), em São Carlos.



“Vivemos num mundo de dados”, reflete Jorge Luiz Bazán Guzmán, professor do ICMC. “Previsões e análises podem ser aplicadas às mais diversas áreas, como o direito, o esporte ou a medicina. Por isso, nossos alunos não encontram dificuldades em se encaixar no mercado, ajudando a consolidar novos campos e aplicações da estatística.”

Julio Trecenti é um desses estudantes que se adaptaram ao mercado desde muito cedo. Em 2012, enquanto produzia seu trabalho de conclusão de curso no IME, o estatístico participou da constituição da Associação Brasileira de Jurimetria (ABJ). Iniciou os trabalhos na organização já como diretor técnico, posição que ocupa até hoje. Atualmente, também é doutorando no IME e vice-presidente do Conselho Regional de Estatística.

O curso
A base da graduação em Estatística está fundamentada na matemática e na computação. Por isso, o estudante deve ter afinidade com a área de exatas. “Além disso, deve ser uma pessoa curiosa, que saiba fazer essa conversa entre a matemática e a aplicação”, acrescenta Guzmán.

“Outra característica fundamental é gostar de áreas que envolvam ações públicas e sociais. Um estatístico trabalha com dados que tenham um significado humano e os transforma em informação compreensível para todos”, destaca o professor do ICMC.

Para ajudar os estudantes de Estatística a desenvolver essa habilidade, a grade curricular do IME inclui uma disciplina de Língua Portuguesa, oferecida pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, localizada ao lado do instituto. Nesse ponto, as grades curriculares têm suas particularidades. Em São Carlos, a grade oferece maior contato com a computação, por exemplo, porque no campus só há institutos de exatas.

Além dessa diferença, o curso do IME, em São Paulo, é diurno — tem aulas distribuídas de manhã e à tarde, mas não chega a ser em período integral — e dura quatro anos. Já a graduação do ICMC, em São Carlos, é noturna e dura quatro anos e meio.

O ICMC também conta com uma parceria com o curso de Estatística da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), próximo ao campus. Ambas as instituições coordenam um programa de pós-graduação integrado e os alunos da graduação podem ter acesso aos professores das duas universidades.

Vida universitária e mercado de trabalho – Além dos aspectos acadêmicos, entidades estudantis também são um diferencial na experiência universitária. “Enquanto estava na graduação, participei do centro acadêmico, da empresa júnior e da atlética”, conta Julio Trecenti. “Essas entidades, em especial o centro acadêmico, foram muito importantes para a minha formação política e ajudaram a desenvolver a empatia necessária para um estatístico.”

Um dos principais projetos no qual Trecenti esteve envolvido na época da Universidade foi a descoberta de procedimentos burocráticos que adiam a chegada de crianças em orfanatos. A demora prejudica as chances de serem adotadas porque, ao término do processo, estão mais velhas do que a média de crianças mais procuradas para adoção.

O trabalho foi feito pela ABJ, que propôs algumas soluções para o problema. A jurimetria utiliza modelos estatísticos e probabilísticos para compreender processos jurídicos. Hoje, a proposta da ABJ está sendo discutida na Câmara dos Deputados.

“O estatístico está sendo valorizado pelas soluções que ele propõe”, pontua o professor Simonis. Ele acrescenta que a demanda por estatísticos aumentou após a criação da Lei de Acesso à Informação (LAI). “Agora, temos disponível um enorme volume de dados públicos que precisam ser organizados e interpretados para que se transformem em informação útil e compreensível para a população”, afirma.

Para Julio Trecenti, a estatística é um método científico e seguro para solucionar problemas da sociedade. “Você pode usá-la para a obtenção de qualquer conhecimento. Por isso, ela é tão importante para o futuro.”

Texto: Larissa Lopes – Jornal da USP

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