“Dronequi” é o apelido do primeiro drone das Américas desenvolvido para observação e detecção de muriquis-do-norte (brachyteles hypoxanthus), maior primata do Brasil, espécie que beira a extinção. O equipamento é pioneiro em vários aspectos e representa uma revolução no segmento de voo aéreo não tripulado e também no monitoramento de espécies, pois conta com visão dupla: uma câmera colorida em altíssima resolução e outra com…[read more=”Continuar lendo…” less=”Menos”]
…visão termal, que é sensível ao calor emitido por seres vivos mesmo em ambientes de difícil visibilidade, como florestas, por exemplo.
Inovador, o Dronequi também chama a atenção por sua configuração. Com 8 kg, 90 cm de diâmetro e capacidade de voo de até 15 minutos, o equipamento amplia o alcance e a visão de biólogos que antes dependiam apenas de binóculos para acompanhar os muriquis.
De acordo com o biólogo e idealizador do projeto, Fabiano Melo, professor da Universidade Federal de Viçosa, membro do MIB (Muriqui Instituto de Biodiversidade) e da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, o drone traz o melhor da tecnologia para a conservação da natureza. “Antes, nosso método era entrar na mata e contar os macacos individualmente. Agora, com o drone, temos uma câmera colorida de altíssima resolução e outra sensível ao calor registrando exatamente a mesma cena, o que nos auxilia a localizar e contabilizar os animais em novos grupos e, principalmente, indivíduos isolados”, comemora Fabiano, que também é consultor voluntário da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
As imagens geradas pelo Dronequi são compiladas pelo software Murilabs, que sincroniza a visão das duas câmeras, aliando as informações do GPS do equipamento, para determinar a posição exata dos macacos. Com um sistema de inteligência artificial será possível treinar o software para descartar a detecção de outras espécies de animais.
“Desenvolvemos um algoritmo inovador e exclusivo para esse projeto, que consegue, automaticamente, detectar um muriqui-do-norte na imagem térmica com base no calor gerado pelo animal e no seu padrão de movimentação, mesmo que ele esteja camuflado nas copas das árvores, habitat natural da espécie”, conta Marcos Costa, engenheiro mecatrônico e diretor de sistemas embarcados da Storm Security, empresa responsável pelo desenvolvimento do Dronequi.
Além de monitorar muriquis, o equipamento poderá ser usado para diversos fins, como localização e resgate de pessoas, por exemplo, explica o engenheiro de software, Marcos Lima. “O software tem capacidade de aprendizado e certamente vai elevar o nível da análise de dados gerados pelo drone. Esse é só o começo da utilização desse tipo de tecnologia”, avalia.
O projeto, 100% brasileiro, é fruto de uma parceria entre a equipe da Storm Security, com biólogos da ONG MIB e apoio da Fundação Grupo Boticário de Conservação da Natureza. O projeto também conta com a parceria da Reserva do Ibitipoca e da Fundação Biodiversitas.
Soluções para a espécie
A espécie do muriqui-do-norte conta com apenas 900 indivíduos na natureza e é considerada como “criticamente em perigo” pela mais recente lista divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente. A classificação está atrás somente da “extinta da natureza”.
Na Mata Atlântica, habitat natural da espécie, as fêmeas têm o costume de migrar entre os grupos, diferente dos machos que permanecem a vida inteira em um mesmo bando. Com essa migração, as fêmeas acabam muitas vezes ficando perdidas em pequenos fragmentos da mata e o drone vai auxiliar também neste momento: encontrando animais isolados e minimizando o risco de perdê-los.
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