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Censo Escolar expõe déficit de materiais na rede pública



O desenvolvimento artístico é uma das vias possíveis para contornar o abalo emocional sofrido pelas crianças brasileiras que, segundo estudo desenvolvido pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), podem levar uma década para se recuperarem dos impactos emocionais sofridos durante a pandemia de Covid-19.

De acordo com dados do Censo Escolar da Educação Básica 2021, elaborado pela Deed (Diretoria de Estatísticas Educacionais), pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e pelo Ministério da Educação, as escolas da rede privada detêm um percentual elevado de materiais socioculturais e pedagógicos para o desenvolvimento de atividades de ensino. De acordo com os indicativos, verifica-se um alto percentual de brinquedos para educação infantil (91,8%), de jogos educativos (89,5%) e de materiais para atividades culturais e artísticas (62,6%). 

Nas unidades escolares da rede municipal, por outro lado, esses percentuais são menores, com 61,1%, 78,3% e 29,1%, respectivamente. A rede privada também se mostra superior à rede municipal quando se avalia a existência de parques infantis ou pátios nas escolas com oferta dessa etapa.



Os números fazem parte de um cenário em que a educação pode retroceder quatro anos devido à crise sanitária, segundo a pesquisa “Perda de aprendizado no Brasil durante a pandemia de Covid-19 e o avanço da desigualdade educacional”, realizado a pedido da Fundação Lemann e dirigido por André Portela, economista e professor de Políticas Públicas da FGV EESP (Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas).

A análise aponta que as turbulências sentidas durante a pandemia podem ter levado o ensino fundamental ao nível de aprendizagem inferior ao alcançado em 2015, quando os estudantes alcançaram 252 pontos no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica). Passados quatro anos, a média subiu para 260, segundo a última avaliação. Em matemática, o avanço foi de 256 para 263.

Paralelamente, com o avanço da vacinação contra Covid-19, a volta das aulas presenciais em todo o país está sendo impactada pela falta de infraestrutura para atender às necessidades das crianças. Ainda de acordo com o Censo da Educação Básica 2021, na educação infantil, a infraestrutura tecnológica é abrangente na rede privada de ensino, com a presença de internet em 97,8% das escolas. Na rede municipal, esta taxa é de 71,5%. 

Ainda com relação à infraestrutura, menos da metade (43,7%) das escolas municipais de educação infantil têm banheiro adequado a essa etapa, enquanto nas escolas particulares o percentual chega a 85,0%. 

Desenvolvimento artístico traz benefícios para crianças, diz consultora pedagógica

Na visão da consultora pedagógica da Forum Model Management – empresa que atua com agenciamento, capacitação e desenvolvimento artístico -, Rosamar da Silva, os números do Censo Escolar 2021 com relação ao déficit de materiais são preocupantes: “O papel da arte no desenvolvimento infantil é mais importante do que imaginamos. As atividades artísticas estimulam o aprendizado de outras disciplinas, como a leitura e a matemática, e favorecem o desenvolvimento da percepção, da coordenação motora e da interação social”, diz ela.

Para Silva, a introdução da arte traz benefícios para qualquer idade. No entanto, a infância é o período ideal para ensinar às crianças as diferentes disciplinas artísticas, devido à capacidade para reter e absorver aprendizados, que podem ser levados para a vida toda e tornar a pessoa mais sensível ao que acontece consigo mesma e no seu entorno.

A especialista afirma que a presença de materiais nas escolas de educação básica é essencial para o aprendizado de expressões artísticas, que desempenham um papel importante no desenvolvimento infantil. Segundo a consultora pedagógica, o gosto pela leitura só irá se consolidar na idade adulta se for despertado na infância. “Os livros permitem que as crianças descubram um mundo de sonhos e diversão. A leitura precoce e de maneira lúdica faz com que as crianças não a entendam como uma obrigação, mas como uma forma de entretenimento. Só desta forma, elas irão tratar o livro como algo prazeroso no seu tempo livre”.

De acordo com Silva, o desenho e a pintura ajudam a desenvolver a psicomotricidade fina, a escrita, a leitura e a criatividade, além de aumentar a autoconfiança. “Essas disciplinas contribuem para a formação de sua personalidade e maturidade psicológica. É importante deixar fluir a criatividade e imaginação, respeitando a maneira da criança se expressar”, explica. “Para isso, deve-se facilitar o acesso a diferentes materiais, como giz de cera, massa de modelar, tintas e aquarelas, e a diferentes suportes de desenho, como quadros, telas e papéis diversos”.

Para concluir, a consultora pedagógica da Forum Model Management destaca que a música tem sido introduzida no currículo pedagógico em idades pré-escolares e contribui para a área intelectual, auditiva, sensorial, da fala e motora.

“A linguagem musical é universal e as crianças que vivem em contato com a música obtêm vários benefícios, aprendem a se relacionar melhor com os colegas e a relaxar”, explica. “Além disso, a música favorece a aprendizagem do significado das palavras, enriquece o vocabulário, o vínculo afetivo e a inteligência emocional”, finaliza.

Para mais informações, basta acessar: https://www.aforum.com.br/

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