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CIO: verba em real e necessidades em dólar alto. Como vencer o desafio?



Não tem volta. O mundo é digital, móvel e conectado. Nesse desenho, transformações em curso e ainda no papel já começam a reescrever hábitos e estratégias tradicionais para promover rápida adaptação e atender às variadas demandas de negócios.

No universo da TI, destaca-se o CIO brasileiro, que terá de driblar vários obstáculos para ser bem-sucedido no novo cenário. Ele tem em mãos verba em real e necessidades, em sua maior parte, balizadas pela moeda norte-americana, que, no momento, oscila em altos patamares no País. Tudo isso diante da maior pressão atual, apontada pelo instituto de pesquisas e consultoria global Gartner, que sofre a área de infraestrutura e operações (I&O) das empresas para otimizar custos, ou seja, o velho mantra: fazer mais com menos.

Segundo Henrique Cecci, diretor de Pesquisas do Gartner e Chairman da Conferência Gartner Data Center, Infraestrutura e Operações de TI 2015, que acontece hoje (07/04) e amanhã (08/04), em São Paulo, o quadro é consequência de toda a avalanche de tecnologia, que arrasta com ela um mar de dispositivos móveis conectados, Internet das Coisas (IoT), e tudo que demanda muito gerenciamento e infraestrutura. De acordo com o Gartner, cerca de 1,1 bilhão de dispositivos estarão conectados a cidades inteligentes em 2015, alcançando a marca de 9,7 bilhões em 2020.



“Infraestrutura e data centers, que protagonizam o atendimento de demandas para que tudo isso funcione e são apontados em nosso estudo Agenda do CIO para 2015, fazem parte da prioridade número um dos CIOs para este ano no Brasil e na América Latina. São responsáveis por mais de 57% do orçamento de TI das empresas no Brasil”, diz Cecci.

A pesquisa foi realizada com mais de 2.800 CIOs, responsáveis pela gestão de US$ 397 bilhões em gastos de TI e US$ 202, 5 bilhões em gastos de infraestrutura de TI e Operações (I&O).

Não é fácil se equilibrar com facilidade nessa corda-bamba, considerando ainda a questão das crises energética e hídrica pelas quais o País atravessa, que atingem diretamente o coração dos data centers. Contudo, Cecci é otimista em relação às habilidades dos comandantes da TI no Brasil. “Acredito que o CIO brasileiro, pelo histórico de variedades do quadro econômico, ganhou flexibilidade e saberá contornar a situação. Creio ainda que os integrantes da cadeia de negócios também saberão tratar com propriedade o momento atual, facilitando o desenvolvimento de negócios”, estima o executivo, para quem a proximidade colaborativa entre CIO e CFO é uma ótima estratégia.

O desafio é assegurar uma infraestrutura estável e prover agilidade necessária para tomar providências diante de oportunidades de negócios, segundo o Gartner. “Para muitos líderes de I&O, a mudança para um data center inteligente possibilita que a área se torne ainda mais estratégica, sendo capaz de fornecer uma contribuição fundamental para o desenvolvimento das empresas”, relata.

No estudo, a maioria dos CIOs (cerca de metade dos 2.800 entrevistados) aponta as soluções de cloud cada vez mais úteis para os projetos de TI, contudo não se constituem como primeira opção a ser considerada (9% dos CIOs não planejam usar o modelo).

Dave Russell, vice-presidente e analista Distinto do Gartner, diz que a justificativa desse resultado está no fato de que muitos líderes de I&O tendem a manter suas infraestruturas dentro de casa para protegê-las. “Geralmente, esses profissionais recorrem à cloudwashing como desculpa para não procurar uma verdadeira solução completa”, afirma o analista, que ensina: “Em vez disso, deveriam instituir cloud como primeira opção para todos os projetos de aplicação-por-aplicação”.