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Cloud impulsiona educação. Saiba como



Depois da febre de projetos com grid computing, quando era possível aproveitar uma capacidade computacional espalhada para acelerar descobertas científicas, como foi o caso do Projeto Genoma, agora é cloud computing que seduz o setor acadêmico/educacional. Novas soluções surgem e experiências bem-sucedidas são acumuladas, como na USP e na Universidade de Oxford (Inglaterra), mesmo com algumas barreiras que ainda devem ser vencidas.

A mais nova solução voltada para a Academia é a 3DExperience, lançada pela Dassault Systèmes. De acordo com a empresa, as instituições de ensino ganham um acesso simplificado e seguro às aplicações de design de produtos, produção digital, simulação realista e de inovação colaborativa da marca. Com a plataforma baseada em uma infraestrutura dedicada na nuvem, que pode ser adaptada para atender às necessidades das instituições de ensino secundário, profissional ou superior.

A solução, como lembra a Dassault, é resultante do esforço de anos de colaboração da empresa com educadores e estudantes em várias instituições e disciplinas, visando a criação de um conjunto flexível e adaptado para facilitar a colaboração entre professores, pesquisadores, estudantes e mentores da indústria. Entre as vantagens elencadas pela companhia estão: a economia de tempo na execução de projetos, bem como o acesso seguro de dados a qualquer hora e em qualquer lugar, entre outros itens.



“Levou pouco mais de uma hora para obter o 3DExperience para Academia em Cloud em funcionamento”, explicou Michel Michaud, Instrutor da École Nationale d’Aérotechnique no Canadá, um dos primeiros a utilizar esse produto em nuvem por meio de um programa preliminar de testes. Os alunos podem iniciar os projetos no campus, prossegui-los em casa e discutir assuntos em comunidades on-line ou em sessões de compartilhamento de tela. Enquanto os professores podem monitorar e avaliar remotamente os projetos.

Projeto consolidado
Iniciado ainda em 2010, o projeto Nuvem USP foi desenvolvido pela Superintendência de Tecnologia de Informação (STI) da instituição com o objetivo de criar servidores virtuais que ajudassem na gestão da TI na Universidade. Uma solução que facilita o monitoramento e o gerenciamento dos servidores, o controle dos backups e o dimensionamento da real necessidade de processamento e armazenamento de cada Unidade, eliminando gastos com equipamentos ociosos.

A Nuvem USP agiliza e potencializa a eficiência de gestão em TI, pois reduz a necessidade de realização de licitações para compra de novos equipamentos. Uma vez que gestores de cada uma das unidades da Universidade sintam a necessidade de expansão da capacidade de seus servidores virtuais, eles mesmos podem ampliá-las, sem requisição prévia aos órgãos centrais.

O projeto custou cerca de R$ 200 milhões de reais, oriundos do orçamento da própria Universidade. No entanto, a grande economia aparece no longo prazo, ao reduzir a necessidade de gastos com compra de equipamentos, manutenção, consumo de energia elétrica e de água, além de investimentos em segurança patrimonial, espaço físico e recursos humanos.

Na “Terra da Rainha”
Diversos projetos também mostram os seus resultados ao redor do mundo. Um dos mais interessantes pelo seu reflexo prático é o Projeto Atlas da Malária, desenvolvido pela prestigiosa Universidade de Oxford, na Inglaterra, que utiliza os recursos computacionais na nuvem da Amazon Web Services.

O projeto criou uma plataforma de colaboração entre pesquisadores internacionais da doença tropical com um objetivo específico: montar mapas globais detalhados da manifestação para ajudar em seu combate. A equipe já conseguiu definir os limites de transmissão e da extensão geográfica e publicou recentemente os mapas globais de riscos mais detalhados já produzidos até hoje.

A próxima meta é mapear como a consequência do risco de morte por malária e da doença variam em todo o mundo. Trazendo luz sobre a enfermidade, cujo conhecimento era muito irregular, o que dificultava os esforços para obter fundos e recursos para as pessoas que mais precisam.

“Todos os modelos usam estatísticas espaciais de ponta, e isso não sai barato quando se mapeia 5×5 km de pixels do mundo inteiro. Antes do projeto, a computação e o armazenamento eram as maiores restrições, impondo limitações aos modelos que podemos executar”, revelou Dr. Pete Gething, do Departamento de Zoologia da Universidade de Oxford.

Um cenário que mudou com o projeto alocado na plataforma de cloud da Amazon Web Services. “Temos agora acesso ao tipo de processamento em paralelo de que precisamos para implementar o modelo executado em escalas de tempo possíveis e armazenamento”, completa Gething.

Escola de negócios
Ainda em fase de desenvolvimento, a EMLyon Business School anunciou um projeto que utiliza os serviços da IBM Cloud. Será criado na nuvem um ambiente para alunos do curso superior chamado de Business School Intelligent, que pretende oferecer ensino de negócios personalizado sob demanda e de maneira global.

A EMLyon trabalhará com a IBM para colocar a inovação educacional e o empreendedorismo digital no centro dessa estratégia, buscando a criação dos melhores resultados para seus alunos e um ambiente mais envolvente para seus professores.

“O que acreditamos ser realmente novo sobre essa iniciativa é o fato de que ela permitirá que proporcionemos conteúdos e orientação totalmente relevantes às necessidades e desejos dos participantes, em qualquer lugar do mundo onde estiverem e em cada passo do seu caminho profissional”, afirmou Bernard Belletante, reitor da instituição. “Assim como os usuários podem atualmente escolher a dedo seu entretenimento, nossa comunidade poderá escolher onde, quando e quanto aprender.”

Ao utilizar a tecnologia interativa, móvel e colaborativa da nuvem, baseada na infraestrutura SoftLayer da IBM, a Business School Intelligent será capaz de reagir constantemente e se adaptar às demandas de cada aluno, que mudam constantemente, e a suas necessidades de carreira. O novo curso pretende ainda ser um espaço colaborativo e criar conexões criativas para a comunidade de estudantes e educadores, para que se desenvolvam de maneira paralela.

Entre os benefícios específicos da colaboração previstos estão: uma gama de novos materiais de ensino online e digitais e, em particular, estudos de caso interativos e a avaliação da verdadeira eficácia do ensino de negócios, ao utilizar a análise de dados para medir o impacto da aprendizagem ativa.

A plataforma de cloud estará disponível nos campi existentes da EMLyon na França e na China, além do campus anunciado de Casablanca, no Marrocos. A parceria também permitirá os campi “pop up” sob demanda nos principais mercados emergentes, como na África Ocidental, e em cidades industriais no coração da China.

O desafio do setor
Mas nem tudo são flores, existem desafios para o uso de computação em nuvem nos setores de educação. O principal deles é a quebra da estrutura e do modelo do ensino tradicional que usa o papel como protagonista e coloca a tecnologia como apoio apenas e não no cerne do jogo, como principal canal de transmissão de conteúdo educacional.

Da mesma forma, fornecedores de tecnologia e prestadores de serviços devem trabalhar para reposicionar a tecnologia – e cloud nesse contexto – na mentalidade e expectativa dos profissionais que trabalham no setor da educação. É primordial construir serviços e soluções baseadas nos currículos e garantir ou apresentar dados invioláveis fora dos ambientes físicos das instituições.

A Microsoft (com o seu serviço Office 365) e outros fornecedores estão começando a posicionar suas ofertas de nuvem para as escolas, mas têm encontrado algumas dificuldades. Mesmo mostrando os recursos de colaboração que ajudam na criação de salas de aula on-line, isso exige uma mudança fundamental na forma como as aulas são entregues ou pensadas pelos educadores. E isto não é algo fácil de se alterar.

Outro fator, agora local, é que as escolas e instituições de ensino superior, estatais ou privadas, não têm dinheiro em caixa para investir, mesmo com todo o atrativo de custos baixos associados à nuvem. Sem falar que poucas delas possuem equipes de TI para respaldar os projetos.

Mas, sem dúvida, a maior questão ou barreira é cultural, de quebra de modelos sedimentados ou “atolados” há tempos. Cabe aos fornecedores endereçar e reduzir ainda mais a assinatura de seus serviços e as instituições entenderem os ganhos que elas e seus alunos podem usufruir com a plataforma da nuvem.

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