por Piero Contezini*
As criptomoedas são pop. Desde o segundo semestre de 2017 elas começaram a aparecer cada vez mais e hoje é difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar nelas. Muita gente acha que é possível adquiri-las no mercado, trocando-as por reais como se faz com dólares, euros e outras.
É agora que eu trago duas verdades pra você: a primeira é que isso não existe, já que as transações se dão, por enquanto, só no mundo virtual. A segunda é que poucas deixaram a zona da suspeita e tornaram-se cobiçadas em tão curto espaço de tempo.
As altcoins, como são chamadas as moedas que não são o Bitcoin nem o Etherium, ocupam o posto de “novas queridinhas dos nerds” e estão no core business de casas de câmbio virtuais dedicadas quase que exclusivamente a transacionar esse ativo ao redor do mundo — e gerar bastante resultado para quem compra e vende.
Porém, como tudo na Internet, estamos vendo uma onda de criptomoedas que não só não possuem qualquer valor prático como sequer deveriam existir.
Mas como estamos falando de um ambiente descentralizado e não regulado por essência, isso é inevitável. Empresas especializadas em criação de ativos digitais falsos já operam na Deep Web — camada “oculta” da internet, acessível apenas por técnicas específicas.
A proposta é vender criptomoedas fraudulentas para aplicar golpes online. Mas há coisa parecida acontecendo no ambiente corporativo regular: empresas e governos estão desenvolvendo as suas próprias criptomoedas.
Veja o que anunciaram recentemente: a Kodak, a Atari e até a Venezuela, que não tem o capitalismo como corrente econômica favorita, mas criou o Petro!
Esse movimento, em especial o do país latino-americano, tem a chance de se transformar num dos mais bem aplicados golpes da história moderna.
Pense comigo: um país falido, incapaz de produzir qualquer coisa, teria condições de vender moedas digitais lastreadas nos barris de petróleo que eles mal conseguem retirar das suas reservas? O que vai acontecer depois que o dinheiro acabar?
Provavelmente vão emitir moedas novas todos os dias, colocar à venda as reservas e fazer o que for necessário para levantar dinheiro.
Mas há coisas boas — e aqui faço uma ressalva: não confunda criptomoeda com blockchain. Esta serve para muitos fins e há iniciativas excelentes, como uma adotada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), que permite rastrear onde o dinheiro dos empréstimos está sendo gasto, a fim de evitar que ele seja desviado.
Isso sim, faz todo sentido — e é totalmente diferente de uma criptomoeda pensada por uma narco-nação que quer levantar dinheiro porque esvaziou as reservas públicas.
Por isso, analise cuidadosamente antes de embarcar na compra de alguma moeda desconhecida que apareceu no seu exchange. Informe-se, pense muito bem e nunca esqueça que de uma hora pra outra, você pode perder absolutamente tudo.
*Piero Contezini é empreendedor, cofundador e CEO da Asaas
Fonte: Portal Vida Moderna