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Cyberataques crescem no noticiário independente da América Latina



Sites informativos que combatem o poder estabelecido estão sofrendo mais cyberataques e comprometendo até sua existência. Ataques físicos e econômicos estão comprometendo a capacidade operacional desses noticiários e induzindo-os a prática de autocensura. Das organizações pesquisadas, 49% sofreram cyberataques por conta do conteúdo publicado. Outros 45% foram alvo de violência ou ameaças decorrentes de suas reportagens e, como resultado, 20% alteraram seu direcionamento jornalístico.

Entre os alvos estão sites que criticam governos, fiscalizam agentes econômicos poderosos, promovem diretos humanos e emponderamento feminino. “Depois de passar anos trabalhando com jornalistas empreendedores na América Latina, eu sabia que o trabalho deles vinha ganhando importância, mas eu não tinha me dado conta do impacto que eles estavam causando, nem o quanto se tornaram vulneráveis, antes de concluirmos este estudo”, afirmou Janine Warner, cofundadora da SembraMedia e bolsista do Centro Knight do Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ).

A SembraMedia, é uma organização sem fins lucrativos que apoia jornalistas empreendedores. O alerta sobre os cyberataques é dado em seu estudo “Ponto de inflexão”, em parceria com a Omidyar Network. O relatório da pesquisa, que analisou 100 veículos de mídia digital da Argentina, Brasil, Colômbia e México, mostrou que tais organizações estão ganhando cada vez mais influência na cobertura de temas que promovem uma melhor gestão pública e o combate à corrupção.



“Empreendedores da mídia digital estão transformando profundamente o modo como o jornalismo é conduzido na América Latina. Eles geram mudança, promovendo leis mais adequadas, defendendo os direitos humanos, expondo a corrupção e combatendo o abuso de poder. Estão determinados a produzir notícias independentes em países extremamente polarizados – e muitos deles estão pagando um alto preço por isso”, diz Warner.

A importância desse tipo de noticiário tem crescido. “A amplitude, profundidade e escala dos desafios à democracia, à transparência e à prestação de contas encontrados por toda a região são muito preocupantes. Por isso, o papel da mídia independente nunca foi tão imprescindível”, afirma Felipe Estefan, chefe de investimentos da Omidyar Network. “Os patrocinadores, os investidores e a sociedade civil devem apoiar essas organizações para assegurar que continuem aptas a provocar um impacto real, desenvolver empreendimentos sustentáveis e atuar como modelos inspiradores para os demais, por toda a América Latina e no mundo”.

Censura
O estudo identificou diversas maneiras pelas quais esses sites sofrem pressão e como isso tem afetado fontes de receita. Mais de 20% do total de organizações entrevistadas admitiram evitar a cobertura de determinados tópicos em decorrência de intimidação e ameaças. No Brasil, esse número chega a 12%, No México sobe para 32%. Há casos de invasão do sistema e substituição do conteúdo por pornografia, invasão de e-mails, ataques DDoS e campanhas de difamação feita por adversários.

Mais de 70% das empresas foram fundadas com menos de US$ 10 mil, e mais de 12% têm uma receita igual ou superior a quinhentos mil dólares. Quase 40% dos fundadores de plataformas digitais entrevistados são mulheres. No Brasil, esse número sobe pra 48%. O estudo completo pode ser visto clicando neste link.

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