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Definir protagonismo é questão de sobrevivência num mundo onde a concorrência assimétrica avança a passos largos

A fronteira da concorrência simétrica há muito foi ultrapassada e, atualmente, é comum enfrentar os chamados concorrentes assimétricos



Por Flávio Padovan *

A fronteira da concorrência simétrica há muito foi ultrapassada e, atualmente, é comum enfrentar os chamados concorrentes assimétricos. O conceito diz respeito às organizações que atuam em setores diferentes, mas conseguem oferecer valor para um mesmo cliente, tornando-se competidores. Nesse sentido, David L. Rogers escreveu em “Transformação Digital – Repensando o seu negócio para a Era Digital”, que hoje estamos inseridos num mundo de limites setoriais fluídos. É um cenário extremamente dinâmico e, ao mesmo tempo, difícil de ser mapeado. Por isso mesmo, requer uma postura diferente das empresas, que precisam definir se serão protagonistas ou coadjuvantes do mercado.

Um sinal dessa tendência pode ser observado na indústria automobilística, onde as chamadas tecnologias disruptivas estão obrigando montadoras tradicionais a se reposicionar. Vide o caso da Ford, que anunciou parceria com o Google para produtos, manufatura e gerenciamento da cadeia produtiva, além do uso de inteligência artificial para treinamento de funcionários. A Ford também é a primeira fabricante a assinar um acordo de colaboração com a Volkswagen para o uso da plataforma da rival alemã MEB para uma série de novos elétricos. Tudo isso em meio a maior reestruturação de sua história, com fechamento de fábricas pelo mundo todo, inclusive, aqui no Brasil. E isso é só o começo.



Com todos os avanços que vêm por aí no que diz respeito a mobilidade, como carro autônomo, carro voador, entre outros, será questão de sobrevivência para a indústria automobilística seguir relevante. E não se trata aqui de um futuro que demora a chegar. Os drones tripulados já atuam como serviço de entrega atualmente. E para manter o mesmo exemplo, se antes pensávamos em carros voadores apenas no campo ficcional, como no desenho animado “Os Jetsons”, hoje sabemos que sua chegada é questão de tempo.

Foi em 2017 o anúncio do modelo Liberty – considerado o primeiro veículo do gênero -, pela startup holandesa PAL-V, idealizadora do projeto. De lá para cá muita coisa já evoluiu e a Embraer, por meio de sua startup Eve Urban Air Mobility Solutions, fechou um acordo de venda de 200 eVTOLs para a Halo, famosa empresa de táxi aéreo urbano que atua nos Estados Unidos e em Londres. As entregas, de acordo com a empresa brasileira, começam a ser feitas em 2026.

Independentemente do setor, são iniciativas alinhadas ao que acontece na economia global, que exige modelos cada vez mais integrados verticalmente. Outro exemplo claro disso foi dado por Elon Musk, à frente da Tesla, pioneira na produção de automóveis elétricos de alto desempenho. Sua mais nova peripécia é a criação de restaurante drive-in, com direito a patins e jukeboxes, em estações de carregamento de veículos elétricos nos Estados Unidos. A partir da infraestrutura dos superchargers, como as estações são chamadas, Musk pretende expandir seu leque de comodidades em torno deles. É uma iniciativa que alia inovação, simplicidade e praticidade ao consumidor. E movimentos semelhantes vêm de todos os setores.

No caso do varejo, o mesmo terá, em breve, a opção de vender seus produtos apenas em estações automatizadas e reabastecidas por computadores. O conceito até já é parcialmente colocado em prática pela gigante Amazon, com o Amazon Go, que implementou estabelecimentos nesse modelo, onde são ofertados produtos que dificilmente veremos na consagrada plataforma de e-commerce, como mantimentos, bebidas, cafés da manhã e refeições prontas.

Com as restrições impostas pela pandemia e o medo que ela trouxe referente às questões sanitárias, alguém duvida que os mercados, além de automatizados, vão aliar essas tecnologias a um serviço de drive-thru em que o consumidor, além de não precisar passar por caixas, fará compras sem sequer descer do seu veículo?

Nesse ambiente que se desenha, é imprescindível se adequar às tendências e às mudanças de comportamento dos consumidores e à velocidade dos avanços da tecnologia. E até olhar o concorrente tradicional como eventual parceiro. Realinhar as estratégias para promover transformação digital é preciso. É assim que nascem os grandes movimentos. E você? Quer ser protagonista ou coadjuvante?

* Flávio Padovan é sócio da MRD Consulting

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