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Digitalização impacta no crescimento econômico brasileiro, registra Accenture



A Accenture acaba de divulgar estudo que avalia a relação entre o grau de digitalização de um país e o crescimento do seu PIB. Segundo a pesquisa, quanto maior o nível de desenvolvimento digital, maior será a geração de riquezas de um país. E um acréscimo de dez pontos na escala de avaliação (que vai de 0 a 100) pode representar até 1,5 ponto percentual a mais no crescimento do PIB de países emergentes – algo entre U$ 97 bilhões e U$ 418 bilhões em economias como Brasil, Índia e China

Criado com base no Accenture Digital Density Index, ferramenta que mede a aceitação das tecnologias digitais nas empresas e na economia, o estudo destaca que o incremento do uso de tecnologias digitais pode aumentar a produtividade para as dez maiores economias do mundo e adicionar a elas U$1.36 trilhão até 2020.

Segundo a consultoria, o índice de digitalização de um país é determinado por um ranking que avalia mais de 50 indicadores, como o volume de transações realizadas on-line, o uso da tecnologia de nuvem ou outras tecnologias para agilizar processos, a difusão de conhecimentos tecnológicos em uma empresa, ou a aceitação, por parte de um mercado específico, de novos modelos de negócios digitalmente conduzidos.



O índice identifica os fatores que reforçam ou enfraquecem o patamar digital de uma economia. Isso pode ajudar a líderes empresariais e políticos a tomarem suas decisões estratégicas digitais, medir seu progresso e determinar o retorno final sobre os seus investimentos.

Perfil brasileiro
O grau de digitalização é constituído por quatro componentes: geração de mercados; gestão de negócios; terceirização e fomento à capacitação. Em cada aspecto, o Brasil alcança índices abaixo de 15 pontos, enquanto países como Holanda, EUA e Coreia do Sul beiram os 20 pontos.

O índice de digitalização alcançado pelo Brasil reflete um mercado emergente que está abraçando tecnologias digitais de forma cada vez mais intensa. Porém, o aumento da produtividade digital é prejudicado por um ambiente pouco propício, uma vez que existe a necessidade de mudança de patamar no investimento local em capital digital, uma expansão significativa do mercado digital e um reforço das instituições digitais.

Segundo o estudo, a capacidade do Brasil de se adaptar a novas oportunidades digitais é dificultada por instituições públicas de baixo desempenho. Um cenário de negócios ineficiente e um ambiente regulatório com pouca flexibilidade organizacional também são empecilhos para a inovação digital. Níveis muito baixos de conectividade, as baixas velocidades de internet e a infraestrutura digital ineficiente são apontados como fatores que dificultam o crescimento de inovações no país.

Os resultados alcançados pelo Brasil nas análises mostram que a trajetória de crescimento do acesso à internet no Brasil supera economias desenvolvidas e emergentes, ficando à frente de China e Índia, por exemplo.

Para o Brasil aumentar em dez pontos o seu resultado no ranking de digitalização e, assim, alcançar os ganhos de produtividade identificados pela modelagem macroeconômica usada pelo estudo, o País teria de fazer intervenções em diversos segmentos da economia, como:

Acelerar a cobertura de internet: atualmente, cerca de 55% dos domicílios brasileiros têm uma assinatura de internet fixa. Nos EUA, 80% das famílias estão on-line. Apenas um quarto de assinantes brasileiros de banda larga móvel teve uma conexão 3G em 2012, em comparação com cerca de 70% nos EUA.

Aprimorar os mercados online: o varejo on-line é responsável por apenas 2,8% de todas as vendas no Brasil, em comparação com os níveis médios europeus de 5,4%.
Aumentar a publicidade online: o mercado de publicidade on-line no Brasil equivale atualmente a cerca de 5% dos gastos totais com publicidade, em comparação com a média de 19% na UE. Nesse sentido, o País fica à frente apenas da Índia. O Brasil pode obter mais de publicidade on-line à medida que expande sua cobertura internet.

Melhorar a infraestrutura de telecomunicações: o País possui um significativo potencial de crescimento em telecomunicações. O investimento real per capita, que hoje está em torno de US $ 60 por pessoa economicamente ativa, pode ser equiparado a outros mercados, como a Europa, com algo em torno de US $ 180 por pessoa, ou os US $ 330 per capita nos Estados Unidos.
Ampliar o foco em P&D: atualmente, o Brasil ocupa o 43º lugar no índice de Competitividade Global. A China está em 23º lugar.

Internet mais rápida: com a expansão da cobertura, as empresas brasileiras poderiam aumentar a sua densidade digital ao acelerar suas conexões de banda larga. Velocidades de internet no Brasil são atualmente de 1Mb/s, enquanto chegam a 11Mb/s na EU. A parcela das assinaturas de internet com acesso de alta velocidade no Brasil está próxima de 23%, em comparação com 63% na UE.
Adotar de vez a banda larga móvel: com o rápido crescimento da internet móvel no Brasil, é realista esperar uma duplicação de assinaturas de banda larga móvel por pessoa, de cerca de 0,5 para 1. Isso colocaria o País no patamar do Reino Unido e dos Países Baixos.

Governo Digital: seguir as melhores práticas internacionais, como as vistas na América do Norte, Europa e Ásia, para transformar as inovações digitais em interações do setor público e privado. O governo brasileiro tem um histórico bastante pobre no que diz respeito a facilitar a digitalização. O País recebeu uma pontuação abaixo da média nos índices United Nations E-Government e E-participation.