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Ah, não! Dispositivos fitness podem fazer você engordar, diz estudo



Você já deve ter visto seus amigos nas redes sociais dizendo que correram vários quilômetros. Essa é uma postagem automática feita por vários dos novos dispositivos tecnológicos criados para o mercado fitness. O mercado foi inundado por eles, são pulseiras, relógios, tênis e outros dos chamados wearables (vestíveis) que prometem mais qualidade de vida, boa forma e, de quebra, a perda daqueles quilinhos indesejáveis.

Mas um estudo publicado no Journal of American Medical Association (da Associação Médica Americana – AMA) alerta que, pelo menos nesse último quesito, é bom ficar cético. Os pesquisadores passaram dois anos analisando voluntários e como a tecnologia auxilia na perda de peso. E o resultado foi inesperado. Várias pessoas ganharam peso após um tempo de emagrecimento.

A revelação é justamente oposta a estudos anteriores e os pesquisadores creditam isso ao tempo mais longo de verificação. As pesquisas anteriores paravam no ponto que as pessoas realmente perdiam peso e, assim, não visualizaram o fenômeno que contradiz boa parte do discurso comercial usado por vendedores desses dispositivos.



Os pesquisadores alertam que colocar sobre os ombros da tecnologia esses problemas sérios como, prática de atividade esportiva, dieta, força de vontade e motivação para emagrecer não é a melhor prática. “Temos que ser um pouco cautelosos sobre simplesmente pensar que podemos apenas adicionar a tecnologia a estas intervenções já eficazes e esperar melhores resultados”, diz o pesquisador John Jakicic, da Universidade de Pittsburgh, em entrevista ao jornal da AMA e se referindo aos métodos tradicionais de nutrição e dieta com acompanhamento médico.

Ganho de peso
A equipe mediu 471 adultos jovens (com idade entre 18 e 35 anos) que estavam acima do peso (com um peso médio de cerca de 95 kg) e queriam emagrecer. Durante seis meses, os participantes tiveram uma dieta de baixa caloria, um plano de fitness prescrito por médicos e sessões semanais de aconselhamento em grupo. O progresso foi medido diariamente e revelou que todos perderam entre 7,7 kg e 8,6 kg.

Na segunda fase, os participantes foram divididos em dois grupos. O primeiro recebeu dispositivos tecnológicos que medem e aconselham atividades (como fazem as pulseiras inteligentes e relógios inteligentes). Outro grupo manteve a dieta padrão e só foi pedido que fizessem logon no site do estudo para indicar as atividades e progresso.

Com 24 meses do estudo, vários participantes de ambos os grupos ganharam pelo menos o peso que haviam perdido durante os seis primeiros meses. Considerando o peso médio total dos dois grupos, o que manteve a dieta e recomendação padrão perdeu, em média, 5,8 quilos. O que utilizou a tecnologia perdeu, em média, 3,6. Outra derrota pros dispositivos que prometem saúde e vigor físico.

Os pesquisadores dizem que será preciso fazer mais estudos para verificar o porque dos dispositivos tecnológicos sabotarem o objetivo de perder peso. Mas sugerem já duas hipóteses. A tecnologia pode entusiasmar as pessoas no começo e, como é comum nesse tipo de novidade da indústria, aos poucos ir perdendo a magia. Com isso as pessoas também ficariam desmotivadas e os resultados não são os esperados.

Outra hipótese é que os dispositivos não estão levando em conta que, ao praticar mais atividades físicas, as pessoas queimam mais calorias e desgastam mais o organismo do que estão acostumadas. Isso pode levá-las a consumir mais comida e alimentos que façam engordar repentinamente. Jakicic adverte que é preciso ter cautela com as promessas da tecnologia. “Vimos que ela funciona pra umas pessoas e para outras não”, e é preciso mais testes para verificar até onde vai a eficácia desses dispositivos.

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