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Empresas apostam em jogos de escape para dinâmicas de RH



Se por muito tempo os processos de seleção e treinamento corporativos resumiam-se a análises de currículos, entrevistas, dinâmicas e testes de habilidade, hoje as empresas mais antenadas têm buscado nos escape games uma forma mais imersiva e eficiente para… [read more=”Continuar lendo…” less=”Menos”]

…identificar perfis e avaliar competências comportamentais, seja para recrutamento interno ou externo ou até mesmo para cargos específicos como trainees.

Em São Paulo, a casa de jogos de fuga Escape Hotel registrou de janeiro a maio de 2017 um crescimento de mais de 90% na procura por companhias que desejam desafiar suas equipes na sala A Máfia, especialmente formatada para vivências e treinamentos de RH com base em elementos do mercado de entretenimento. Nela, 16 jogadores são mafiosos rivais que disputam o poder na cidade de São Paulo. A trama, porém, os obriga a se organizar, distribuir tarefas, usar o raciocínio lógico e trabalhar em conjunto para desvendar enigmas e escapar da sala. O jogo é conduzido de forma a espelhar situações do cotidiano da empresa – e, como a dinâmica é supervisionada na central de monitoramento do Escape Hotel, fica fácil para diretores, gerentes e coachings identificarem os pontos fortes e fracos de indivíduos e equipes.

“O escape game é um instrumento eficaz para mapear competências e identificar perfis pré-estabelecidos”, afirma Edson Schrot, especialista em gestão e desenvolvimento por competências e coordenador de cursos de pós-graduação em Gestão Estratégica de Pessoas do Senac. A vantagem, segundo ele, é que a situação, apesar de divertida, é de muita pressão e acaba por revelar alguns traços de personalidade, instintos de liderança e até atitudes, que no mundo corporativo, podem vir a ser trabalhados via sessões de treinamentos customizados, feedback e coaching para aumentar o engajamento, melhorar o relacionamento interpessoal, a força do trabalho em equipe e a liderança.



Naipe de 4

Estudos realizados pelo professor Richard Bartle, um dos pioneiros da indústria de games, vão além e revelam ser possível identificar quatro arquétipos nas dinâmicas com vídeo games e jogos de escape: os que buscam se destacar, os que são conduzidos pela vontade de descobrir, os que são movidos pelo desejo de se impor, independente dos efeitos sobre os demais, e os que buscam melhor socialização com colegas. A lógica é simples: a combinação de tarefas com os desafios, feedbacks, laços de cooperação e recompensas que compõem o cenário de jogos é utilizada para motivar as pessoas a desempenhar ações de seu dia a dia. Como resultado, metas são atingidas de forma mais simples, leve e divertida.

“Jogos imersivos são importantes ferramentas de educação corporativa”, diz Patricia Estefano, sócia proprietária, junto com Vanessa von Leszna, do Escape Hotel. “Eles agregam, complementam e enriquecem processos e análises de gestão e de RH para diagnóstico, ‘tratamento’ e manutenção da saúde de empresas e equipes”.

O Escape Hotel já aplicou a nova metodologia de gamificação imersiva para seleção, treinamento e educação corporativa em dezenas de companhias de diferentes portes e segmentos, a exemplo da Abbott, Gerdau, Omint, Johnson & Johnson, Catho, PwC, DKT Prudence e Souza Cruz, entre outras. O sucesso é tanto que muitas retornam periodicamente para outras dinâmicas e outras até mantêm programas sazonais para implementação de jogos, seja nas dependências do Escape Hotel ou através de games imersivos customizados para aplicação in company.

Além de A Máfia, o Escape Hotel oferece as salas Cena do Crime, Loira do Banheiro, O Templo e DráculaA casa fica na Avenida Pedroso de Moraes 832, em Pinheiros, na capital paulista.

BOX
Os arquétipos de Bartle

Estudos psicológicos e comportamentais realizados pelo pesquisador de jogos britânico Richard Batles apontam que players de games imersivos podem ser classificados em quatro grandes grupos: Achievers (Acumuladores ou Conquistadores), Explorers (Exploradores), Socializers (Socializadores) e Killers (Lutadores). Bartle detalha as motivações de cada um dos arquétipos e como o ‘administrador’ de um ambiente imersivo pode equilibrar a coexistência dos perfis conforme seu desejo. Ou seja: do ponto de vista de treinamentos corporativos e de dinâmicas de RH é possível direcionar o jogo para reve lar características, objetivos, prioridades, contradições, visões e diversidades de equipes e indivíduos.

– Conquistadores/Acumuladores (Achievers) são focados no mundo do jogo. O objetivo é realizar missões e acumular riquezas, pontos, evolução do personagem e formas de demonstrar que estão no caminho certo. Querem acumular sempre mais e mais.

– Exploradores (Explorers) desejam interagir com o mundo do jogo. Curtem desbravar o ambiente, descobrir os aspectos do game, encontrar lugares secretos, novas funcionalidades e easter eggs.

– Socializadores (Socializers) querem interagir com outros jogadores, mesmo fora do papel de seus personagens. Gostam do lado social, das missões cooperativas, da comunicação com outros players e do trabalho em equipe.

– Lutadores (Fighters/Killers) são focados em ações nos jogadores. Bastante competitivos, buscam afirmar sua existência na competição em relação aos outros players e mostrar o quanto são bons – e até melhores que os outros. Para eles, vencer quaisquer disputas de poder e estar em rankings que exibam sua capacidade entre os melhores e sobre os outros é o supra sumo do sucesso.

Os arquétipos de Bartle são claros e dão uma boa visão, ao menos inicial, dos jogadores e dos times – que no pós imersão dos jogos de escape poderão ainda passar por coaching para engajamento e team building através do desenvolvimento individual e coletivo dos colaboradores.

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