* Por Gabriel Aleixo
Bitcoin é uma nova tecnologia e, como toda novidade, é bastante natural que existam mais dúvidas e desconfianças do que certezas. Especialmente com relação ao funcionamento, questões de segurança e as mais diversas aplicabilidades dessa criptomoeda.
Recentemente, o presidente-executivo da JPMorgan Chase, Jamie Dimon, disse que a bitcoin “é uma fraude”. Segundo o executivo, a moeda digital não funcionará, já que não seria possível inventar uma moeda e presumir que as pessoas que a consomem são “realmente inteligentes”. A declaração traz à tona um dos vários mitos que envolvem o universo das criptomoedas: a bitcoin garante o anonimato do usuário.
A preocupação com o anonimato é um equívoco bastante comum, já que os usuários não precisam informar dados pessoais para se conectarem à rede ou enviar e receber bitcoins. No entanto, todas as transações e endereços de IP envolvidos são públicos na rede neste site – Blockchain.info. Além de apresentar as transações realizadas, o portal utiliza essas mesmas informações para mostrar quantas bitcoins pertencem a cada endereço e listar todas as transações efetuadas por ele.
A bitcoin oferece grande nível de privacidade, como tantas outras formas de pagamento. Mas, não oferece o mesmo anonimato, por exemplo, do uso do papel-moeda. Hoje, pessoas que comercializam algo em dinheiro não precisam, necessariamente, registrar as transações e muitas pontas acabam soltas. Com a bitcoin, não. Todas as transações são, por obrigatoriedade, registradas e, por consequência, rastreáveis.
Tudo isso porque a troca de bitcoins é viabilizada por uma rede blockchain. Essa tecnologia garante mais transparência e confiabilidade a diversos tipos de processos, já que o dado, uma vez em blockchain, se torna imutável. Logo, um usuário não consegue usar a mesma criptomoeda mais de uma vez para diferentes usos.
Fazendo um contra- ponto com as desconfianças que envolvem a bitcoin, listo, abaixo, algumas das vantagens mais visíveis dessa criptomoeda.
1. Autonomia – a bitcoin é uma moeda autônoma, ou seja, é imune a políticas monetárias que, muitas vezes, têm impacto negativo para os cidadãos em momentos de crise econômica. Países como Argentina, Venezuela e Grécia experimentaram, e experimentam, momentos complicados da economia e suas moedas perderam o valor. Isso não acontece com a bitcoin, já que ela não depende de um órgão regulador ou do momento econômico de qualquer região. Ela depende, na verdade, de toda uma rede descentralizada que garante sua autenticidade e viabilidade.
2. Equilíbrio ente transparência e privacidade – como comentamos anteriormente, a troca de bitcoins navega entre transparência e privacidade. Transações com bitcoins funcionam de maneira bem similar à forma como navegamos na internet. Quando estamos conectados, somos anônimos, temos apenas um número IP que nos identifica. Se algo ilegal ou irregular for feito, existem diferentes formas de rastrear um endereço IP e encontrar o usuário por trás dele. A blockchain é uma espécie de livro-razão do sistema, capaz de armazenar o saldo em bitcoins de cada um dos usuários, pública e abertamente. Embora todos sejam identificados por números arbitrários, por meio de recursos de data mining, é possível identificar qualquer atividade criminosa. Logo, a bitcoin é uma arma contra crimes digitais e não favorável a eles, como muitos ainda acreditam.
3. Inclusão financeira – Existe uma grande parte da população, ainda, desbancarizada. Com o sistema de transações por meio de bitcoins, qualquer celular se torna um banco. É possível enviar e receber a criptomoeda de qualquer ponto do globo para qualquer ponto do globo. Isso de forma mais segura, rápida e muito mais barata. Essa é uma poderosa ferramenta de inclusão financeira, sem dúvidas.
4. Pouca (ou nenhuma) probabilidade de falha – Diferentemente do que afirmou o executivo da JPMorgan, não existe uma forma de acabar com a bitcoin ou, então, de encerrar esse sistema do dia para a noite. Essa tecnologia funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem qualquer falha sistêmica há oito anos. Ou seja, a bitcoin é uma realidade, uma tecnologia amplamente testada pelas maiores empresas e mentes da ciência da computação atual. Embora, claro, possam existir falhas que precisam de correção futuramente, esse é um caminho sem volta, justamente por conta de sua natureza descentralizada.
* co-fundador da A Star
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