Home Cultura Fuvest 2019: Confira análises das obras literárias

Fuvest 2019: Confira análises das obras literárias



O ano está começando, mas a lista das obras literárias que serão solicitadas na prova da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest) já foi divulgada. A principal mudança na relação foi a substituição do clássico “A Cidade e as Serras”, de Eça de Queirós, por outra obra literária do mesmo autor: “A Relíquia”. [read more=”Continuar lendo…” less=”Menos”]

Com o objetivo de tornar a preparação dos estudantes mais proveitosa possível, o professor do Sistema de Ensino Poliedro, João Luis Almeida Machado, elaborou um resumo especial com as passagens mais relevantes de cada título. Confira:

“A Relíquia”, obra publicada em 1887, do escritor português Eça de Queirós, faz parte de seus escritos de caráter fantasioso, nas quais o realismo e o lirismo são elementos marcantes na trama, como em “O Mandarim”, “A ilustre casa de Ramires” e no já clássico “A Cidade e as Serras”. Há na história uma crítica ao cristianismo pois o personagem central, Raposo, herdeiro de uma tia rica e beata, é encarregado por ela de participar numa missão religiosa à Terra Santa.

Há, nesta jornada, uma misteriosa e mística viagem no tempo, em que Raposo presencia o martírio de Jesus Cristo e descobre que a história conhecida por todos não ocorreu como descrito. Ainda assim, para não frustrar a tia devota, ele tenta manter a história nos conformes daquilo que prega a Igreja e traz uma “relíquia sagrada” para ela e também para garantir sua herança.



“Minha Vida de Menina”, escrita por Helena Morley (pseudônimo de Alice Dayrell Caldeira Brant) é uma obra ímpar, pois apresenta relatos do cotidiano, numa linguagem franca, em que a autora, ainda adolescente, retrata Diamantina/MG, no final do século XIX, marcada pela decadência da mineração. Há, nesta narrativa, composta na forma de um diário, desde histórias pitorescas que apresentam personagens marcantes (como o padre, a negra contadora de histórias e o bebum) até aspectos da vida familiar, do trabalho e da religiosidade num texto leve, interessante e agradável para os leitores.

“Claro Enigma” é composto por 41 poemas que marcam a transição da obra de Carlos Drummond de Andrade. O texto marcado pelo engajamento social anteriormente percebido dá lugar a um certo desencanto e desilusão, a uma busca de respostas no cerne do próprio ser. Os versos também se renovam quanto a estética, cedendo lugar a uma retórica mais clássica e formal, deixando de lado o coloquial e se compondo num viés mais filosófico e clássico.

“O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, nos coloca no entorno das habitações insalubres do Rio de Janeiro no início do século XX. Esta insalubridade está presente no espaço e afeta a alma das pessoas, em especial do locatário dos casebres e de seu vizinho rico que deseja o terreno onde fica o cortiço. Vivem-se os dramas, mas há espaço também para a alegria e a esperança. A trama é alimentada por embates em que a ambição, as traições e a inveja são componentes marcantes.

“Iracema” é uma idílica e romântica narrativa que faz parte de um conjunto de obras indigenistas de José de Alencar. Relata a história de amor entre uma índia e um português por ela alvejado duplamente, tanto pela lança do medo e desconfiança quanto pela seta do amor a unir diferentes mundos. A obra subverte os padrões dos folhetins de época ao trazer para o primeiro plano o nativo e traduzir sua existência, aproximando-os dos leitores e de sua realidade cultural.

“Mayombe”, título da obra de Pepetela, refere-se a uma região montanhosa que se espalha por diferentes países africanos, entre os quais Angola, terra natal do autor do livro. O título, de certa forma, retrata a diversidade étnica e tribal dos guerrilheiros unidos em prol de um objetivo maior a luta revolucionária. Narrativa de cunho histórico, é também uma crítica aos erros cometidos pelos movimentos libertários como o machismo, a corrupção e o racismo.

“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, transcende a narrativa tradicional ao fazer com que o relato seja feito por um falecido. Do além são resgatadas suas histórias e, não apenas isso, há uma revisão crítica da existência humana, sem ressentimentos ou mea culpa, tanto a partir da experiência do protagonista quanto dos demais personagens ligados a ele. O caráter humano, no que tem de melhor e pior, transparece e torna universal a obra de Machado de Assis.

“Sagarana” é uma obra composta por contos que dentro de uma esfera regional, no âmbito das Minas Gerais, trabalha em cada história temas de interesse universal sem deixar de abrir espaço e consolidar imagens claras em relação ao Brasil. O caráter humano desta produção de Guimarães Rosa transparece nas paixões, inveja, raiva, amor, superação, insegurança e valentia de protagonistas como Augusto Matraca, Manuel Fulô e o burrinho pedrês, entre outros.

“Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, denuncia de forma realista a saga das pessoas afetadas pelo drama da seca, das famílias marcadas a ferro e fogo pelo estio, pelo alimento que lhes falta e, como consequência, por marginalização social. O trabalhador rural é retratado em branco em preto, num retrato cru e amargo de uma condição de infelicidade, dor e abandono ao qual são relegados aqueles que tentam resistir a seca e também aos que deixam sua terra e migram.

 

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