No centro da maior metrópole do país que mais consome agrotóxicos no mundo, um grupo de 10 pessoas criou um instituto que comercializa alimentos orgânicos e agroecológicos indicando o preço do produtor. Com foco na economia solidária e prioridade para produtores familiares, o Instituto Feira Livre captou mais de 45 mil reais em campanha de financiamento coletivo e abriu…[read more=”Continuar lendo…” less=”Menos”]
…suas portas essa semana. A ideia é simples: informar todos os custos envolvidos na relação comercial e ao final da compra sugerir uma contribuição para que os custos operacionais do Instituto sejam cobertos.
Segundo dados da Anvisa, o Brasil continua sendo o país que mais consome agrotóxicos no mundo1. A cadeia produtiva desses alimentos com veneno, que começa no campo e não termina no consumidor, além de colocar em risco a vida de quem os consome, aumenta a incidência de uma série de doenças em quem trabalha na produção2. Está também majoritariamente atrelada à concentração de terra em latifúndios de monocultura, além da exploração máxima do trabalho – não raro com denúncias de trabalho escravo – e aumento da opacidade das informações que chegam ao consumidor final sobre a quantidade e tipo de agrotóxico utilizado.
As redes de supermercado também colaboram para uma cadeia de consumo menos transparente. Segundo dados do Instituto de Defesa do Consumidor, produtos orgânicos chegam às gôndolas com valores até 400% mais caros do que foi pago ao produtor3. Mesmo os produtores que deixam de utilizar agrotóxicos ficam reféns de uma rede de distribuição que quer fazer de produtos orgânicos itens de luxo, aumentando o abismo social entre aqueles que se alimentam bem e aqueles que dispõem de pouco dinheiro para o orçamento doméstico.
Na contramão dessas lógicas de sobrexploração, os membros do Instituto Feira Livre se reuniram há mais de um ano para fazer estudos de viabilidade de distribuição de orgânicos em outros formatos. Na região central de São Paulo foi identificada uma demanda latente, onde será possível experimentar o formato já estabelecido pelo Instituto Chão na Vila Madalena: custo do produtor + contribuição sugerida = preço justo.
O que é, onde fica e quando está aberto?
Na Rua Major Sertório 229, num galpão de mais de 200m² de área construída, estão dispostos uma feira de hortifruti, uma mercearia e um café. Todos os produtos ofertados são de origem orgânica ou agroecológicos, com prioridade para produtos originários de agricultura familiar. O grupo aposta no formato em que o preço de custo do produtor é exposto e os consumidores se tornam responsáveis por contribuir com as despesas operacionais de suas compras. O preço chega a impresionar, o café espresso, por exemplo sai a R$1,60 + contribuição , e o pão de fermentação natural na chapa, com manteiga orgânica, sai a R$3,65 + contribuição.
Perto do Copan, da Escola da Cidade, do Teatro da Aliança Francesa, da Praça Roosevelt, da Casa do Porco, Bar da Dona Onça, Praça Rotary e Sesc Vila Mariana, o Instituto Feira Livre estará bem próximo do coração da cidade de São Paulo.
No primeiro mês de operações o grupo pretende testar diversos horários de funcionamento até entender a demanda da região. De 05/12 à 09/12 estará aberto das 08h às 14h durante a semana, e das 09h às 15h no sábado.
Mobilização nas redes
Em 26 de outubro, a campanha de financiamento coletivo, organizada para arrecadar fundos para a primeira compra do Instituto, encerrou com apoio de personalidades que militam em prol do consumo de alimentos orgânicos e PANCS (plantas alimentícias não convencionais) no Brasil: Paola Carosella, Bela Gil, Bel Coelho e Neide Rigo, apoiaram a campanha dentro e fora das redes.
A campanha arrecadou mais de 45 mil reais e contou com o apoio de mais de 400 doadores. Para conferir o resultado das doações e campanha acesse o site.
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