por Marco Stefanini*
Tema do CIAB, maior evento de tecnologia para o mercado financeiro, a inteligência exponencial está associada à interpretação de dados que vai muito além da capacidade humana, a partir da utilização de uma série de tecnologias, como Analytics, Big Data, Inteligência Artificial, IoT, Machine Learning e tantas outras que avançam numa velocidade impressionante, fazendo com as empresas aprendam de forma contínua, repensem seus processos com agilidade e criem soluções que coloquem o consumidor como protagonista dos negócios.
A empresa que não se adaptar a este novo mundo – mais ágil, volátil e incerto – corre o risco de ficar para trás nesta nova revolução marcada por ideias disruptivas, que surgem cada vez mais da colaboração entre funcionários, entre grandes empresas e startups, entre Universidades e corporações. Todas as novas tecnologias permitem que as instituições compreendam a jornada do cliente – corporativo ou usuário final -, se antecipando às necessidades e tendências.
Oferecer rapidamente uma solução que possa ser uma referência de mercado é agir com inteligência exponencial, assim como utilizar a criatividade para pensar em produtos e serviços que superem as expectativas e fujam aos padrões atuais. Para aproveitar este momento de grandes oportunidades – durante e pós-transformação digital -, é preciso investir em tecnologias, que possam permitir o crescimento exponencial, considerado um fator decisivo na manutenção de uma empresa na liderança de mercado.
Em dez anos, a estimativa é de que 40% das corporações atualmente relacionadas no índice Fortune 500 tenham deixado de existir. Segundo Salim Ismail, autor do livro Organizações Exponenciais – Por que elas são 10 vezes melhores, mais rápidas e mais baratas que a sua (o que fazer a respeito), juntamente com Yuri Van Geest e Michael Malone, este cenário é resultado direto de uma espécie de “sistema imunológico” interno, que busca erradicar toda ideia inovadora antes que ela possa se consolidar.
Salim ressalta que muitas empresas estão satisfeitas com aquilo que funciona e, por isso, deixam de inovar. A sobrevivência de uma companhia depende da sua capacidade de se manter à frente da curva da tecnologia e abraçar as mudanças, a fim de se manter competitiva perante a concorrência. Nenhuma empresa poderá acompanhar o ritmo de crescimento definido pelas organizações exponenciais, se não estiverem dispostas a realizar algo radicalmente novo – uma nova visão da organização que seja tão tecnologicamente inteligente, adaptável e abrangente quanto o novo mundo em que vai operar – e, no final de tudo, transformar.
O livro mostra claramente como uma inovação surge, por meio do conceito MTO (Massive Transformative Purpose, em português Propósito Transformador Massivo) e provoca mudanças inesperadas em diversos setores da sociedade, seja com a criação de novos negócios ou com a mudança de comportamento.
Os autores pesquisaram os padrões das empresas exponenciais mais importantes do mundo nos últimos seis anos, tais como Waze, Tesla, Airbnb, Uber, Xiaomi, Netflix, Valve, Google (Ventures), GitHub, Quirky e 60 outras empresas, incluindo empresas de sucesso, como GE, Haier, Coca-Cola, Amazon, Citibank e ING Bank. Também entrevistaram mais de 70 líderes globais e pensadores, para trazer uma nova e ampla visão sobre as tendências organizacionais e tecnológicas essenciais, que podem ser aplicadas nas startups, empresas de médio porte e nas grandes organizações.
Dentre tantos aprendizados compartilhados pelo autor, percebemos que o foco na transformação digital e no propósito de se tornar exponencial está no desenvolvimento de um ecossistema de inovação. Para se manter na vanguarda, é preciso interagir, considerar novas ideias, incentivar novos conhecimentos e crocriar. Isto não significa desprezar o que está sendo feito, mas valorizar o que ainda pode se tornar o grande diferencial de sua empresa e colocá-la no patamar das novas companhias exponenciais do planeta.
*Marco Stefanini é fundador e CEO global do Grupo Stefanini