Por Syomara Cristina Szmidziuk *
Depois da luta pela sobrevivência enfrentada por tantas vítimas da covid-19, surge outra ameaça ao bem-estar dos pacientes: as lesões pós-covid. Isso porque nós, terapeutas de reabilitação, percebemos a ocorrência frequente de doenças neurológicas entre pessoas convalescentes da infecção por coronavírus.
Trata-se de uma constatação ainda passível de verificação e comprovação científica, mas que chama a atenção. Após um número elevado de dias de internamento, seguindo protocolos estritos de posição do corpo para melhor aproveitamento respiratório, os pacientes podem apresentar lesões neuropáticas por compressão dos nervos.
As lesões nos nervos ulnar, mediano e radial com frequência têm reflexos neurológicos. Outras síndromes podem aparecer ou ser agravadas pela lesão no internamento. A compressão, por exemplo, pode deixar o paciente sem a função da mão – ainda que temporariamente – e com isso surge a necessidade de avaliação por um terapeuta ocupacional.
Quando há a secção total do nervo, é necessária a reconstrução cirúrgica. E quando temos o edema, é necessária a descompressão desse nervo para o retorno da sensibilidade. Já algumas lesões ocasionam o total rompimento entre nervo e cérebro, e o paciente perde o uso do membro.
Sabe-se que a “síndrome do garrote” tem relação ao tempo em que o paciente permanece com esse instrumento em compressão no hospital, e isso pode trazer a lesão do nervo, lesão neurocervical ou afetar a área de informação do cérebro.
Para mim, nada disso parece definitivo, pois quando voltam os movimentos, volta também a sensibilidade – e 50% da atividade motora se refere a sensibilidade.
Trata-se de um ciclo: quando o paciente não sente a mão, não mexe a mão; e quando para de mexer a mão, deixa de senti-la…. os mundos sensitivo e motor caminham juntos.
Além disso, nos casos leves da covid-19, percebe-se, muitas vezes, a ocorrência de falta de memória e o pensamento mais letárgico – resta ainda saber se o próprio vírus teria relação com ela ou o tratamento. Outras ocorrências posteriores ao tratamento incluem a dificuldade em respirar e cansaço excessivo.
Tudo isso é muito recente, existem pesquisadores tratando do tema, mas é importante atentarmos para a ocorrência de tais lesões nos pacientes pós-covid-19.
* Syomara Cristina Szmidziuk atua há 30 anos como terapeuta ocupacional
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