por Alexandre Farhan*
No entanto, se uma empresa orientar, conscientizar e principalmente treinar seu colaborador para que consiga trabalhar de maneira correta, ele vai evitar grandes desperdícios e naturalmente gerar mais receita para o caixa.
Hoje, o problema da formação e capacitação profissionalizante está dividido em duas partes críticas, a do colaborador e da indústria. Muitas vezes, um colaborador não quer se qualificar, se especializar ou estudar.
Na verdade, apenas uma expressiva minoria pensa em crescer profissionalmente, e isso ocorre em todos os segmentos da indústria não apenas na produção e transformação dos plásticos, que é minha especialidade. Acontece também na área metalúrgica, usinagem, tecelagem, e inúmeros outros segmentos.
Assim o empresário se depara com o problema da mão-de-obra desqualificada. E o pior é que há um exército de profissionais que não ambiciona se desenvolver profissionalmente mesmo diante dessa crise e desemprego.
Do outro lado do problema, está um tipo de empresário, que não investe em mão-de-obra qualificada. Com frequência, não quer treinar seus funcionários e não faz questão que eles se qualifiquem com o custeio de sua empresa.
Temos um exemplo de um aluno nosso que chegou na escola, que desejava estudar e esperava alguma colaboração da empresa, pelo menos, liberando alguns períodos para ele se capacitar. No entanto, o empregador dizia que era besteira o funcionário estudar. Achava que bastava ficar trabalhando, que era o suficiente.
Na verdade, nós vemos muitos obstáculos frente a alguns empresários, quando entendem que o investimento em mão-de-obra não recompensa e que o custo pode ser “muito alto”. Uma parcela dos empregadores não consegue enxergar, muitas vezes, o retorno no investimento e acredita que é um valor dispensável.
Na realidade, se esses empresários observarem que seus funcionários treinados vão evitar, por exemplo, numerosos desperdícios com matérias-primas e quebras de máquinas, perceberão de imediato a incrível redução no custo das paradas e dos prejuízos de interrupção da produção. Sem falar também, de outros fatores como a qualidade ruim da peça final, reprocessamento de material e outras perdas inerentes à produção.
Uma fábrica que investe determinado valor em treinamento de mão-de-obra, na prática esse número tem retorno constantemente em curtíssimo prazo, muitas vezes em dois ou três meses. O aporte se reverte por conta da melhoria na redução das quebras de máquinas e peças, e na diminuição dos prejuízos com os custos de matérias-primas.
Se forem multiplicados os valores das perdas de cada parte da operação ao final serão contabilizados números astronômicos e absurdos. Há produtores de plásticos, atualmente, que têm estoques de toneladas de refugo, que na verdade foram materiais desperdiçados.
Desta maneira, é preciso, além de proporcionar treinamento, também conscientizar o quadro de funcionários de sua importância e fazer a cobrança daquilo que foi ensinado pelos instrutores em salas de aulas e nos equipamentos. Se não houver cobrança efetiva não haverá retorno e o funcionário pode simplesmente dar continuidade naquilo que fazia antes do treinamento.
*Alexandre Farhan é diretor-técnico da Escola LF de cursos profissionalizantes em plásticos