por Denis Pineda*
O Brasil está inserido no grupo seleto de 55 países que já automatizam suas linhas de produção com robôs e inteligência artificial. Porém, ainda distante da média de robôs por empregado quando comparado a outros países – apenas 11 para cada 10 mil trabalhadores, o país precisa avançar em diversas frentes para elevar sua posição na escala mundial.
Entre elas, no desenvolvimento de soluções mais adaptadas à demanda de diversos segmentos, como às empresas de pequeno e médio porte, e na questão da regulamentação governamental, ainda distante e com pouca representatividade nos debates sobre o assunto.
De acordo com os dados mais recentes divulgados pela Federação Internacional de Robótica, em 2016, foram comercializados 1,5 mil robôs industriais no País dentro de um universo de 294 mil.
Mesmo com um volume pouco expressivo em relação ao mercado internacional, a instituição também ressalta que o crescimento anual para o mercado brasileiro de robótica industrial é de 33% ao ano de 2018 a 2020, ou seja, o país é o mercado com maior potencial de crescimento percentual neste período no mundo.
De olho nas estatísticas, percebe-se que o cenário futuro é muito promissor e atrai a atenção dos fabricantes de robôs. Um ponto interessante a ser considerado no País é que em conjunto com crescimento da robótica e da inteligência artificial industrial, se elevam também as oportunidades de emprego no setor.
No entanto, há no Brasil, uma carência de engenheiros, programadores e técnicos qualificados com especialização para atuar com robôs e, por esse motivo, não são raras as vezes que os grandes consumidores de robótica trazem mão-de-obra do exterior.
O mercado é bem atraente e grande com potencial, principalmente na era das fábricas inteligentes ou fábricas 4.0, da internet das coisas e da inteligência artificial chegando ao processo industrial, mas sofre com a falta de capital humano.
Dados da Confederação Nacional de Indústrias, divulgados em 2015, mostram que o Brasil tem cerca de dois engenheiros para cada 100 mil habitantes. Nos Estados Unidos, esse número pula para oito e, na Alemanha, para 14.
E no momento em que as indústrias estão se recuperando da crise, o foco é melhorar a eficiência na produção, reduzir o desperdício e os erros e aumentar a qualidade.
Então, há uma oferta grande de oportunidades para os profissionais da área, que podem auxiliar diretamente em soluções para adequação de custos de operação das fábricas, do número de máquinas e de etapas dos processos, pensando na forma mais rápida e eficiente de atuar utilizando os robôs e sistemas mecatrônicos.
Nessa quarta revolução industrial quem tiver essa formação e especialização, estará empregado. O caminho ideal a ser trilhado no País é inserir temáticas de robótica e mecatrônica na programação de cursos, universidades e até para escolas.
Neste sentido, há algumas instituições de ensino que estão promovendo cursos e competições de robótica a fim de fomentar esse mercado e incentivar os jovens a se prepararem para as vagas do setor.
Um exemplo é o instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos, que em abril deste ano, abriu inscrições para o curso preparatório para alunos que se interessam em competir em modalidades práticas da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR).
Institutos federais da Paraíba (FPB), do Rio de Janeiro (IFRJ), de Rondônia (IFRO), do Rio Grande do Norte (IFRN) e de Mato Grosso do Sul (IFMS) também vêm investindo nessas competições com o objetivo de não apenas criar ou desenvolver competências, mas para incluir a tecnologia no dia a dia do aluno, em busca de soluções e de relacionamento com outras áreas profissionais. O Insper e o SENAI de São Caetano também são unidades que agregam atividades com robôs em suas aulas.
Além das instituições de ensino é importante ressaltar outro ponto que tenta suprir a falta de profissionais qualificados no Brasil. Muitas vezes, a formação de programação específica para robôs industriais se dá pelos próprios fabricantes em laboratórios instalados nas próprias sedes.
Alguns cursos oferecidos no mercado são extremamente caros para as empresas ou indústrias que precisam de treinamento. A Universal Robots, no entanto, tem um modelo de negócio completamente disruptivo, em que não há cobrança para treinar clientes e integradores que adquirem robôs.
O mercado de robótica também tem um grande potencial de crescimento em âmbito global. Isso se comprova com dados da Federação Internacional de Robótica que estima que o mercado de robótica cresça, em média, 15% ao ano, atingindo, em 2020, a marca de 520 mil robôs, diante dos 294 mil atuais.
A Consultoria indiana ReportsnReports ainda reforça essa previsão, afirmando que o mercado de robôs com inteligência artificial deve saltar dos atuais US$ 3,49 bilhões em 2018 para US$ 12,36 bilhões até 2023.
Os robôs colaborativos (cobots), que podem trabalhar lado a lado aos humanos, fazem as tarefas repetitivas e perigosas e deixam as áreas mais cognitivas a cargo dos funcionários.
Apesar de terem sido um mercado de aproximadamente 5.000 unidades em 2015, a BIS Research Analsys estima que o volume global de cobots cresça um pouco mais de 70% ao ano chegando a mais de 120.000 unidades em 2021. A Universal Robots cresceu em 2017, 72% confirmando esta tendência.
Há quem pense que os robôs, na realidade, impactarão negativamente o número de vagas de emprego. Essa é uma ideia errônea. Ao contrário das crenças amplamente difundidas, a implantação de robôs quase sempre resulta em criação líquida de empregos, porque as habilidades da força de trabalho humana podem ser utilizadas para gerar maior valor.
De acordo com a Associação para o Avanço da Automação (A3), a medida que os empregadores adicionam tecnologias de automação como robôs, cargos e tarefas estão mudando, mas o número de empregos continua aumentando. Dados de uma pesquisa da instituição mostram que, de 2010 a 2016, 136.748 robôs foram enviados para clientes dos EUA. Nesse período, o emprego industrial no país aumentou em 894.000 e a taxa de desemprego nos EUA diminuiu de 9,8% 4,7%.
*Denis Pineda é gerente de desenvolvimento de vendas da Universal Robots no Brasil
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