O mundo das empresas de tecnologia é dominado por homens, principalmente em cargos elevados e estratégicos. Apesar dos avanços nos últimos anos, o quadro permanece desfavorável à presença feminina nas cúpulas das organizações. Mas aos poucos, as executivas competentes e técnicas altamente especializadas conquistam seus espaços e tornam-se exemplos para haver mais mulheres na tecnologia. Algo que seria somente uma justiça histórica, já que pesquisadoras e cientistas tiveram papel importante ao longo da história para o desenvolvimento de quase tudo que temos hoje em computação e telecomunicações.
No Dia Internacional da Mulher, em pleno 2017, alguns dados assustam. O recente estudo do Instituto Ethos sobre o mercado de trabalho aponta que há um funil corporativo que impede que elas cheguem a cargos do alto escalão. Mesmo com mais instrução e capacidade, os estereótipos sobre elas parecem ser mais fortes do que o currículo e as capacidades. Um outro estudo de 2015 da Universidade de Stanford, na Califórnia (EUA), aponta que o preconceito começa na hora das entrevistas para contratações e promoções.
Mesmo assim há batalhadoras que estão conquistando espaço e abrindo os caminhos para as próximas gerações entrarem no mundo da tecnologia. E essas pioneiras são plenamente consciente de seu papel de liderança nesse ramo de negócios.
Um exemplo é a CEO da Stefanini Brasil, Monica Herrero (foto acima), no cargo desde 2012. Ela defende que o equilíbrio entre homens e mulheres em cargos de chefia passa pela geração de oportunidades de qualificação. Formada em Matemática e com especialização em Administração de Empresas, Monica está na companhia há 20 anos. A executiva começou a atuar na área de tecnologia da informação ainda jovem, quando iniciou sua carreira no Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).
Para a executiva, o equilíbrio entre homens e mulheres em cargos de chefia passa pela geração de oportunidades de qualificação, independente de gênero. “É fundamental investir nessa conscientização para que as mulheres se sintam empoderadas e capazes de promover essa mudança”, destaca a CEO da Stefanini Brasil. Nesse processo, a organização tem um papel importante na definição de estratégias e formatação de uma cultura alinhada com uma equivalência de oportunidades entre homens e mulheres.
Impedir que as mulheres cheguem às áreas de pesquisas ou board estratégico pode comprometer a inovação futura da empresa. Uma recente lista da Mozilla, empresa que administra a comunidade do navegador Firefox, traz diversas mulheres que estão lidando com avanços importantes para a tecnologia.
Há destaques para diversas mulheres como Andressa Martins, Narrira Lemos e Luciana Silva, fundadores da ONG Mulheres na Tecnologia. Há também a história de Lauren (11 anos), que lançou recentemente sua própria empresa de robótica, e Latasia (12 anos), que criou uma página na web a fim de reduzir a violência contra as mulheres indígenas no Canadá. Ambas são alunas da Ladies Learning Code, uma organização canadense que visa aumentar e encorajar a presença das mulheres no campo da internet. Elas estão na Ladies Learning Code, uma organização canadense que visa aumentar e encorajar a presença das mulheres no campo da Internet.
Presença aumentando
Apesar de ser comum entrar em uma empresa do ramo tecnológico e ver uma ou outra mulher trabalhando, há exceções. Na Nuvem Shop, empresa que fornece uma plataforma de criação de lojas online profissionais, há diversas mulheres.
“Eu trabalho com muitas empresas, nas quais os postos importantes são ocupados por homens, mas nem minha idade e nem meu gênero são um condicionante do que posso fazer”, diz Victoria Blazevic (23 anos), que se dedica a Branding e Comunicação na empresa.
Elas apresentam especialidades como “UX Designer”, “Performance Marketing”, “Data Scientist” alguns títulos dos mais procurados no mercado. E todas muito conscientes de seus papéis como profissionais e exemplos femininos a serem seguidos por outras que iniciam na área. E dão uma receita para quem pretende iniciar carreira na tecnologia . “Não deixar que o estranhamento alheio seja um fator desencorajador, e sim um incentivo para permanecermos firmes em nossos propósitos e mostrarmos a que viemos. Porque matemática não é coisa só de homem e nem literatura, coisa de mulher. enfatiza Luane Silvestre, (21 anos), Content Strategist da Nuvem Shop.
Dificuldades
O setor de tecnologia parece atraente para as mulheres. Há desafios, não só para elas. Muitos projetos ocorrem em cidades diferentes ou países em outro continente. Os salários são atraentes e muitas especialidades são bem procuradas. Porém, o próprio avanço da tecnologia pode mudar isso de uma hora para outra.
“As dificuldades existem em qualquer profissão e o preconceito pode surgir, mas ele ‘vai embora’ quando demonstramos conhecimento e postura profissional”, diz Georgia Nogueira Barbosa, gerente e uma das sócias da FH – empresa de software para processos de negócios, sediada no Rio de Janeiro, e atuação em mais de 30 países. Para ela, a área de tecnologia tem um amplo leque de atuação e boas oportunidades para ambos os sexos.