A participação da mulher no mercado de trabalho vem crescendo muito nos últimos anos. Porém, ainda é nítida a diferença em relação aos homens, principalmente no que se refere à questão salarial e também na maior dificuldade de inserção em cargos mais altos. Apesar de já somar 43,8% de todos os trabalhadores brasileiros, elas representam 37% dos cargos de direção e gerência. Já nos comitês executivos de grandes empresas, são apenas 10%. Para piorar, o Brasil ocupa a 129ª posição no quesito igualdade de salários entre gêneros, com a diferença chegando a mais de 50%. [read more=”Continuar lendo…” less=”Menos”]
Essas dificuldades no mercado começam ainda na seleção. Estudo recente do Journal of Social Sciences revelou que as mulheres têm entrevistas de emprego mais difíceis que os homens e são interrompidas mais vezes do que seus competidores do sexo masculino. Diante desse quadro, a consultora de RH, Valquíria Manzini, apresenta algumas dicas de como as mulheres devem agir na hora da entrevista de emprego. “As mulheres devem manter a calma ao quadrado. Acredito que após a revolução feminina ficou faltando também uma masculina. Isso porque, a mulher ganhou espaço no mercado de trabalho, mas ainda carrega a ‘responsabilidade familiar’. Pouquíssimos entrevistadores perguntam aos candidatos homens, por exemplo, com quem ficam as crianças. Assim, quando a mulher se prepara para uma entrevista, além de estudar sobre a vaga, a empresa e qual roupa usar, ela ainda terá que organizar a agenda das crianças ou da empregada. Essa tensão normalmente aparece nas entrevistas e pode ser mal interpretada”, revela.
Sobre o currículo que deve ser formulado, a especialista garante que não há diferenças em relação à apresentação utilizadas pelos homens, já que seria uma discriminação muito evidente, entretanto, a consultora confirma que ainda há muita distinção entre os sexos, principalmente quando a busca é por cargos mais altos. “Há uma preocupação clara do mercado com a distinção de gêneros nos diferentes níveis hierárquicos. Algumas empresas observam essas diferenças em seus indicadores de gestão e normalmente criam programas internos que fortaleçam o desenvolvimento das mulheres para ocuparem posições de gestão. No entanto, ainda estamos subordinados a uma cultura machista. Por conta disso, há uma percepção que as mulheres possuem menos disponibilidade para o trabalho por causa da família e da casa”, diz.
Mesmo alcançando profissionalmente o mesmo nível dos homens, muitas mulheres também encontram dificuldades para serem levadas a sério e respeitadas quando já estão inseridas no ambiente de trabalho. Para lidar com esse preconceito, que, apesar de estar perdendo força gradualmente, mas ainda se faz presente, a especialista prega duas ações que se fazem necessárias: posicionamento e preparação. “Não tem alternativa. A mulher precisa acreditar em si e se posicionar. Isso é uma luta constante. Dependendo do segmento de atuação, ela terá que fazer mais cursos do que seu par de sexo masculino, terá que apresentar a mesma ideia varias vezes (e de formas diferentes) até convencer sua audiência que está certa. Para conseguir se destacar, a mulher também pode buscar empresas que possuem como valor organizacional a diversidade e preze por equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Ela precisa ainda estar atenta aos movimentos da empresa, continuar investindo no seu desenvolvimento – não apenas em sala de aula, mas em sessões de coaching que foquem competências/comportamentos”, alerta.
Por Valquiria Rozalém Manzini, psicóloga e pós-graduada em Administração de RH pela FAAP. Profissional com mais de 20 anos de experiência na liderança e implantação de estratégias de Recursos Humanos.
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