Prepare-se para discutir esse assunto pelos próximos meses. O Facebook é o culpado pelo dilúvio de notícias falsas de política ou ele só está refletindo a histeria das pessoas do mundo atual? O tema está quente e um levantamento do noticiário Buzzfeed mostra que as notícias falsas, memes e virais sem comprometimento com a apuração e a verdade ganham cada vez mais força na maior rede social do mundo e se tornam mais vistos do que o jornalismo considerado sério.
De acordo com o Buzzfeed, os mais importantes fatos dos últimos três meses da campanha eleitoral americana de 2016 tiveram mais engajamento quando promovidas por sites e perfis de notícias falsas do que quando foram veiculadas por organizações jornalísticas tradicionais.
Quatro das cinco notícias de maior destaque nesse período na rede social de Mark Zuckerberg tiveram vieram de produtores de exageros, calúnias e inverdades. Apenas uma, do Washington Post, era de jornalismo real com fatos apurados e escrita com declarações verdadeiras. Outros jornais, revistas, TVs e sites noticiosos que prezam pela transmissão da notícia sequer aparecem nesse grupo de elite.
Nesse período analisado, as 20 mais lidas histórias de sites de notícias falsas, boatos, exageros e difamações conseguiram 8,7 milhões de “likes” e compartilhamentos. No mesmo espaço de tempo, as 20 notícias mais lidas dos produtores de conteúdo que apuram fatos e checam informações conseguiram 7,3 milhões de interações.
Inversão de valores
Os números contradizem o que o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, disse recentemente, que era “uma loucura” a rede social ter influenciado a eleição de Donald Trump. Mas é preciso lembrar que as tecnologias são sempre consideradas culpadas de fazerem algo ruim quando são apenas ferramentas nas mãos de pessoas.
No consumo de notícias, existe algo que precisa ser melhor estudado. Os conteúdos falsos ganharam força e velocidade na véspera da eleição. No começo de 2016, as notícias reais eram mais lidas e compartilhadas. Com o avançar da campanha (que foi de baixíssimo nível) foram perdendo força até serem ultrapassadas pelas “fake news” e “hoaxes” como se elas estivessem a bordo de um foguete. Veja o gráfico.
O fenômeno não é só local dos EUA e foi verificado em outros países, curiosamente coincidindo em eleições ou outras movimentações políticas.
Vivemos também numa época de pós-verdades (pós-verdade foi escolhida a palavra do ano pelo dicionário Oxford), num mundo onde as pessoas não acreditam nos fatos, mas somente naquilo que encaixa nas suas crenças e convicções. Sequer sabem de onde vem o que estão lendo.
Então, a culpa da notícia falsa ganhar força pode ser atribuída ao Facebook? Talvez sim. E a culpa de ninguém acreditar no que lê pode ser atribuída aos jornais tradicionais? Talvez sim, também. E os políticos que sempre estão tergiversando, mentindo descaradamente ou enchendo os discursos de inverdades para convencer seus eleitores? Eles não têm nenhuma culpa nisso tudo? E o consumidor de notícias que não é capaz de dar dois cliques a mais para ver a visão do outro lado envolvido no fato?
Você pode dar sua resposta agora ou esperar e pesquisar mais um pouco. Afinal, estamos discutindo análises ponderadas e consumo consciente do noticiário. Não convém ser apressado.
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