Um novo sistema de inteligência artificial (IA) que acaba de ser divulgado pela revista científica Nature, antecipa em um ano o diagnóstico de infarto, maior causa de mortes no mundo. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier o exame de fundo de olho detecta doenças sistêmicas através de alterações nos vasos da retina.
“Em tempo de pandemia o consultório oftalmológico é a porta de entrada para um checkup com menor risco de contrair COVID-19. Podemos dizer sem exagero que os olhos são a janela do corpo”, afirma. Para se ter ideia, os vasos da retina indicam diabetes, hipertensão arterial e outras alterações vasculares que estão diretamente relacionas à saúde do coração.
De acordo com a SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) as doenças cardíacas tiveram aumento durante a pandemia e representam 30% das mortes do País. Dados da SBC mostram que este ano, até é 8 de fevereiro causaram 42,7 mil óbitos.
O sistema de IA foi desenvolvido no Reino Unido faz uma análise mais profunda da saúde vascular por meio de uma complexa combinação de algoritmos. Queiroz Neto afirma que o novo sistema dá um salto de qualidade na preservação da vida por um custo menor. Isso porque antecipa o risco de infarto pelo tamanho e eficiência de bombeamento do ventrículo esquerdo. Até hoje estas alterações cardíacas são diagnosticadas por ressonância magnética ou ecocardiograma que tem um custo bem mais elevado que o exame de fundo de olho.
Outras doenças
O oftalmologista ressalta que embora o exame de fundo de olho tradicional permita mapear todo nosso organismo não é preventivo, Isso porque faz o diagnóstico de doenças já instaladas, entre elas a hipertensão arterial, diabetes, doenças reumáticas, tuberculose, toxoplasmose, lepra, AIDS, e até tumores intracranianos.
“Para ser realizado instilamos um colírio no olho do paciente para dilatar a pupila e usamos um oftalmoscópio, lente com capacidade de aumentar diversas vezes o nervo óptico, retina e vasos. Por isso, conseguimos prever o risco de retinopatia em diabéticos, bem como as frequentes alterações nos rins para orientarmos o paciente sobre tratamentos” salienta.
Alterações aparentes e sistêmicas
Queiroz Neto afirma que algumas doenças oculares ou em outras partes podem alterar a aparência do olhos e a visão. As principais são:
Terçol permanente: Quando aquela bolinha dolorida na pálpebra, o terçol ou hordéolo não sara pode indicar um tumor nas glândulas da pálpebra que produzem a camada gordurosa da lágrima. Segundo Queiroz Neto dependendo do estágio a luz pulsada eliminar o problema que aumentou na pandemia.
Perda de pelos na sobrancelha: Sinaliza estresse, carência de nutrientes em alguns casos disfunção na tireoide.
Olhos saltados: Distúrbio na tireoide e doença de graves, uma alteração autoimune que afeta a visão.
Olhos amarelados: Alteração no fígado.
Pupila contraída: Indica uveíte, inflamação da uvéa que é formada pela íris, corpo ciliar e coroide.
Pupila dilatada: Sinaliza tumores, glaucoma, trauma ou doenças do sistema nervoso central.
Visão dupla: Aponta tumor intracraniano, acidentes vasculares centrais, traumas ou hiperglicemia.
Mudança na cor dos olhos: É causada por medicamentos ou inflamações oculares.
Cegueira momentânea: Indica tumor intracraniano, má circulação no cérebro ou arritmia cardíaca.
Visão borrada: Ocorre no diabetes, sangramento ocular, inflamação, hipertensão arterial e claro, na catarata.
Se os olhos são a janela do corpo, a consulta oftalmológica é a porta da saúde, conclui.
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