Por Ricardo Brandão *
Com o declínio das incertezas globais, as empresas estão redobrando os investimentos em TI à medida que antecipam o crescimento da receita, diz recente estudo do Gartner. O estudo destaca o software como o principal mercado em ascensão em 2020, alcançando um crescimento de 10,5%.
Neste contexto, associado às novas tecnologias que emergem em um ritmo acelerado e aos modelos de negócios que evoluem continuamente, torna-se imperativo que a indústria de software seja a grande protagonista dessa história.
No Brasil, as organizações brasileiras estão atentas à importância deste momento. De acordo com pesquisa encomendada pela SAP, localmente, 56% das empresas pretendem aumentar a sua receita em até 10% como resultado direto da transformação digital nas empresas.
E os desenvolvedores de software e integradores têm um papel crucial neste processo, já que serão em grande parte, os responsáveis por suportar essa inovação. A indústria de software deve se transformar primeiramente para então oferecer a transformação digital para o seu cliente final, lá na ponta.
Transformação digital nas empresas de software: crescer ou morrer
Pode parecer alarmante, mas a verdade é: ou a empresa de software adere a essa revolução tecnológica que está acontecendo cada vez mais rapidamente, modernizando-se e acompanhando a nova indústria, ou ficará no meio do caminho.
Os desafios são vários e passam principalmente por 3 pilares:
1. Inovação tecnológica: que abrange desde a maneira como a empresa costumava desenvolver seu software (passando por linguagem, modelo nuvem e on premise, uso de containers e micro serviço, etc.) até o processo atual, que contempla a aderência do software a tendências como Big Data, Internet das Coisas, Machine Learning, entre outras.
2. Modelo de negócio: que evolui de um modelo de licenças para o de assinatura mensal, mudando o fluxo de caixa do fabricante do software e do cliente final, já que sai de um modelo Capex para Opex, além de exigir novas técnicas de vendas SaaS, como a criação de uma verdadeira máquina de vendas.
3. Velocidade: a agilidade que a empresa terá para sair na frente e conquistar o mercado passa a ser essencial. E normalmente o empresário esbarra no orçamento disponível para investir em crescer. É aí que entra o universo dos investidores (Venture Capitals, Angels, etc.).
Crescer apenas com o dinheiro do bolso tornou-se muito mais difícil porque o mercado não tem mais este tempo – ou ele será engolido por uma grande corporação ou a necessidade já terá mudado quando a empresa alcançar a escala necessária e ele estará obsoleto.
Há ainda um outro agravante: como conduzir este processo? Essa camada, a do fabricante de software, é carente de conteúdo. Não há hoje um canal, um evento, que fale diretamente com essas empresas.
Não existe tampouco uma solução mágica para a alavancagem da transformação digital nas empresas, mas sim um conjunto de ações que passam pelos pilares comercial, técnicos em captação e de aceleração do negócio.
Ao aderir a essas diretrizes, as empresas de software e integradores adquirem, na mesma proporção, maior vantagem competitiva, alinhamento com as novas tecnologias digitais que contribuem para aprimorar o desenvolvimento de produtos e serviços, além de maior segurança e agilidade para tomar decisões no dia a dia.
Estamos falando na verdade de um processo, que deve ser constante, mas também muito veloz. Como referência: todo o histórico de evolução dos últimos dez anos deve agora ocorrer novamente, mas em três anos apenas, e assim sucessivamente.
O amadurecimento do Brasil na transformação digital
O Brasil e a América Latina estão sempre um ou dois anos atrás dos Estados Unidos. No entanto, da forma como a tecnologia e as informações estão cada vez mais globalizadas, esse delay tende a diminuir cada vez mais.
A infraestrutura brasileira ainda é um gargalo, com atrasos em relação à conectividade, 5G, 4G, que demoram mais para chegar e que são responsáveis por habilitar todas essas novas tecnologias associadas à transformação digital.
Indústrias inteiras serão reescritas. O segmento de logística está sendo reinventado por meio de aplicativos, a área bancária passa por um forte processo de digitalização, provavelmente os próximos serão os setores de seguros, saúde e imobiliário.
Estamos em um momento de transformação digital de mercados tradicionais. E o Brasil, como grande mercado potencial que é, passa a ser uma das maiores apostas em todo o mundo.
* Ricardo Brandão é CEO da Sky.One