Por Paulo Padrão *
Já se sabe que a nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), prevista para entrar em vigor em agosto de 2020, alterará significativamente as regras para a coleta, armazenamento e utilização de informações digitais dentro das empresas. O que poucos líderes de TI e negócios já perceberam, no entanto, é que seguir as novas condições não é apenas uma questão de se evitar multas e problemas. Na verdade, a LGPD pode ser uma grande oportunidade para que as companhias brasileiras entrem de vez na Era Digital.
Baseada na regulamentação europeia de proteção de dados, a General Data Protection Regulation (GDPR), a lei brasileira tem como objetivo garantir maior privacidade e transparência ao uso de informações pessoais e corporativas. Além de obrigações técnicas, porém, a nova legislação tem tudo para representar também um enorme avanço à inteligência estratégica das companhias, agregando mais valor e eficiência às informações geradas durante os mais diversos estágios de produção, vendas ou relacionamento com os clientes.
De acordo com pesquisas das maiores consultorias de negócios globais, mais de 90% dos chefes executivos das principais marcas do planeta admitem, hoje, que entender como extrair valor do mundo digital é um desafio essencial para o futuro de suas empresas. A boa notícia é que a LGPD (e suas equivalentes ao redor do mundo) pode render um bom impulso para que as companhias avancem em suas jornadas de geração de valor a partir dos dados.
Isso porque um dos grandes focos previstos pela Lei Geral de Proteção de Dados é justamente garantir que as companhias alcancem maior visibilidade e controle sobre as informações obtidas junto aos clientes, garantindo maior segurança e privacidade às pessoas e aos processos – do momento da coleta até o arquivamento dos registros. Hoje, menos de 20% das empresas do Brasil possuem sistemas de inteligência para a análise de informações.
O que está em jogo com a nova lei, portanto, é uma profunda mudança na forma de trabalho de todas as áreas, tendo os departamentos de TI e cibersegurança na liderança de projetos que protejam as informações e os ativos digitais. É preciso que os líderes entendam quais são os dados que estão sendo coletados, quais áreas e sistemas terão acesso a essas informações, como esses insights são usados e, por fim, como todos estes registros serão armazenados (ou descartados).
Esse cenário exige uma compreensão profunda sobre a cadeia de dados como um todo. Com o volume de informações aumentando exponencialmente, essa é uma questão que se torna extremamente relevante – ainda mais quando levamos em conta que estamos em uma era na qual conhecer os gostos dos consumidores é cada vez mais vital para as empresas.
Por isso mesmo, mais do que trabalhar para evitar multas e sanções, os responsáveis pela área de tecnologia e por dados deveriam encarar a LGPD como um avanço que, se bem utilizado, pode ajudar a guiar os planos de inovação para o futuro. Suas regras podem ser usadas como parâmetros e guias para que uma companhia possa, de fato, aproveitar as vantagens da Era das Informações de forma acurada, segura e dentro da lei.
Entre as oportunidades está a chance de ampliar os recursos de governança e inteligência de dados dentro de todos os ambientes da organização. Com a LGPD, as empresas serão obrigadas a proteger seus bancos de informação, garantindo o correto processo de gestão sobre onde e como cada item coletado será usado e quem terá acesso a essas informações.
Para alcançar uma visão completa e assertiva dos dados de seus clientes, as companhias precisam adotar sistemas modernos para gestão, monitoramento, controle e ajuste de fluxo de dados. Hoje já é possível adotar soluções modernas que são capazes de integrar, controlar e rastrear os dados, oferecendo maior segurança e qualidade às informações.
De forma prática, as soluções de gerenciamento de informações permitem capturar, gerenciar, governar e entender diferentes tipos de ativos (dados estruturados e não-estruturados), mantendo a confiabilidade e a conformidade das informações, dentro dos requisitos da LGPD e da política de dados interna da companhia. Essas modernas ferramentas de gestão da informação permitem que as organizações possam suportar iniciativas digitais mais inovadoras, administrando sua infraestrutura de tecnologia com maior eficiência.
Mais do que uma nova lei a ser seguida, os líderes devem olhar para a LGPD como uma chance prática para aprimorar o dia a dia de suas organizações, posicionando-as em um novo patamar de competitividade global. Além de melhorar o controle sobre os dados, as empresas poderão aplicar soluções de Data Intelligence para obter diferenciais competitivos.
Com o apoio das novas soluções de gerenciamento de conteúdo, é possível encontrar, compreender e usar os dados de maneira correta e confiável, transformando o que seria um desafio em uma real oportunidade de crescimento. Resta saber, apenas, quais serão as companhias que deixarão de se preocupar somente com as multas para usar esse momento para ingressarem em um novo patamar, preparado para suportar os novos negócios do futuro.
* Paulo Padrão é General Manager da ASG Technologies