O The Good Food Institute acaba de lançar o primeiro relatório a analisar a Indústria de Proteínas Alternativas no Brasil (IPA), segmento que produz alternativas vegetais para carnes, ovos, leite e carne cultivada a partir de células. [read more=”Continuar lendo…” less=”Menos”]
O documento apresenta um panorama atualizado e mapeia os desafios e as oportunidades ainda não exploradas por toda a cadeia produtiva que podem levar o país a se tornar o líder global do setor. O relatório analisa, ainda, o comportamento do consumidor, apresenta os principais atores em atividade em empresas, no varejo e em restaurantes e o cenário de investimentos.
Para o diretor executivo do GFI Brasil, Gustavo Guadagnini, o setor de proteínas alternativas é um dos mais importantes para o futuro do planeta e o Brasil tem condições de liderar este processo.
“A nossa capacidade de criar formas de fazer comida vai determinar se conseguiremos ou não alimentar uma população que chegará a 9.5 bilhões de pessoas em 2050. Nesse cenário, o Brasil pode assumir uma posição de liderança global, pois temos tudo o que é necessário para o bom desenvolvimento do setor: um agronegócio forte, estrutura logística para distribuição global de produtos, clima favorável à produção e um enorme capital intelectual ligado à produção de alimentos.”, afirmou.
Consumidores
De acordo com as informações do relatório, há uma percepção de crescimento na oferta de produtos vegetais nos últimos três anos, período em que o mercado passou a oferecer opções que simulam as características da carne, além das já tradicionais opções vegetarianas.
Com essa estratégia, o consumo destes produtos aumentou, especialmente entre os flexitarianos, grupo que reduz o consumo de carne, mas não dispensa uma experiência similar. Em 2018, segundo a “Pesquisa de Consumidor” realizada pelo GFI em parceria com a Snapcart, 29% dos brasileiros já afirmavam reduzir o consumo de carne.
Além do hábito, os consumidores também levam em conta na sua decisão de compra características de sabor, preço, conveniência e saúde. 70% dos entrevistados da pesquisa disseram optar por alimentos de base vegetal por questões relacionadas à saúde, incluindo intolerâncias e alergias.
“A percepção de saudabilidade do consumidor varia de pessoa para pessoa. O que precisamos entender é qual o peso desses aspectos na decisão de compra frente a fatores como sabor e preço. Esse é um dos maiores desafios atuais da indústria”, comenta a gerente de engajamento corporativo do GFI Brasil, Raquel Casselli.
O estudo também mostrou que esses produtos devem ser comercializados nos mesmos lugares em que o consumidor já está acostumado a comprar e sejam vendidos a preços acessíveis.
“Levando isso em conta, um passo importante foi passar a comercializar as proteínas alternativas no grande varejo e não apenas em lojas especializadas. As alternativas vegetais são compradas 69% das vezes em supermercados e apenas 6% das vezes em lojas especializadas físicas ou virtuais.”, explicou o Coordenador de Pesquisa e Inovação do GFI Brasil, Felipe Krelling.
Cenário brasileiro
O cenário favorável no Brasil possibilitou o estabelecimento de novas startups e a criação de linhas de produtos à base de plantas nas indústrias em atividade. Atualmente, em torno de 93 marcas já oferecem opções vegetais para carnes, ovos, leite e seus derivados.
Com a maior diversidade de produtos e um público consumidor mais abrangente, os restaurantes e serviços de alimentação também passam por uma transição com reflexos em seus cardápios.
“Cada vez mais é preciso oferecer opções que contemplem todos os consumidores: flexitarianos e pessoas com hábitos e necessidades alimentares específicas como vegetarianos, veganos, intolerantes à lactose e alérgicos”, analisa Krelling.
Com o amadurecimento da indústria, o mercado de investimentos aprendeu como superar os desafios relacionados à dinâmica de escalabilidade no setor e entendeu que o potencial de retorno financeiro é promissor.
No entanto, o número de acordos de investimento ainda é baixo, uma vez que, ao analisar questões como robustez do plano de negócios, inovação tecnológica real ou novos modelos comerciais, as empresas ainda não estão totalmente preparadas para responder a tais questionamentos.
“O sistema global de alimentos está prestes a passar por uma transformação, mas para isso é necessário que a indústria supere desafios tecnológicos significativos que ainda estão presentes como preço comparável, escalabilidade e comercialização. Conhecimento científico robusto e de acesso livre é a base que permitirá o desenvolvimento do setor de proteínas alternativas como um todo e levar esses produtos para a mesa dos consumidores de forma definitiva.”, comenta a consultora de ciência e tecnologia do GFI Brasil, Dra. Katherine de Matos.
Oportunidades
O relatório também aponta as maiores oportunidades para o desenvolvimento do setor:
1 – aprimoramento dos produtos vegetais existentes;
2 – diversificação das fontes de proteínas para esses produtos, com matérias-primas nacionais;
3 – suprimento da demanda por produtos sem análogos vegetais no mercado, como pescados, suínos e cortes in natura;
4 – utilização dos canais de exportação de alimentos já estabelecidos para exportar produtos vegetais nacionais a outros países;
5 – investimento na produção da carne cultivada à partir de célula animal;
6 – investimento em startups em estágio inicial, gerando inovação no setor em território nacional;
7 – rentabilização do produtor rural por meio da agroindustrialização.
A tecnologia de carne cultivada é a maior novidade e apesar de outros países já terem saído na frente no seu desenvolvimento, o Brasil ainda tem tempo de investir nesse setor.
“Essa tecnologia chega ao mercado nos próximos três anos. Previsões indicam que essa vai ser uma vertente importante do setor de carnes nas próximas décadas. Por isso, o Brasil precisa investir agora nessa tecnologia para ser um dos atores dominantes desse setor.”, afirma Guadagnini.
Do ponto de vista regulatório, produtos vegetais ainda precisam se encaixar em regulamentos que foram desenhados para produtos e situações de mercado diferentes. Já os produtos obtidos por multiplicação celular não têm um marco regulatório definido no Brasil.
“O desenho de um marco regulatório adequado e de instrumentos que integrem as políticas agrícola, científica e tecnológica e industrial é o passaporte para que o Brasil avance rápido em alimentos de alto valor agregado a partir de proteínas alternativas.”, sinaliza o consultor de políticas públicas do GFI Brasil, Alexandre Cabral.
O relatório é gratuito e pode ser baixado neste link.
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