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Profissional de TI continua sendo desejado pelas empresas



Segundo dados da Brasscom, o setor de TI tem crescimento estimado em 2,6%, apesar da crise. No Brasil, a demanda por esses profissionais aumenta a cada ano e, até 2020, o déficit será de, aproximadamente, 750 mil trabalhadores (IBCD – Índice Brasscom de Convergência Digital). A organização Code.org prevê que, no mesmo período, 1,4 milhão de vagas serão abertas no mundo, mas só 400 mil serão preenchidas.

Essa deficiência é sentida por quem precisa contratar. E ainda que as empresas queiram investir na formação, uma das principais dificuldades relatadas pelos participantes é encontrar profissionais com uma boa base para desenvolver o aprendizado na área de TI. A baixa qualidade do ensino nas escolas e a falta do domínio do idioma inglês são barreiras para o desenvolvimento na carreira.

Para discutir esses cenários e buscar soluções, a associação mundial de tecnologia CompTIA, reuniu líderes da área de TI durante seu primeiro IT Executive Summit, realizado na última semana, em São Paulo.



De acordo com o João Lins, representante de uma consultoria global, as empresas precisam ser assertivas em seus investimentos. “Há uma equação difícil para a gente resolver, diante dos desafios competitivos das nossas empresas, de fazer um investimento estruturado em formação de pessoal e ser criativo com o pouco dinheiro que temos, que não é o suficiente para cobrir o déficit educacional deixado pelo governo”, observa.

Outro ponto abordado pelos participantes foi a dificuldade de fazer os jovens se interessarem por seguir a carreira em TI. Para William Juliano, arquiteto de tecnologia e negócios globais da Kick Off Consultores, a visão desse mercado é bastante equivocada. “Quando as pessoas pensam em TI, imaginam ‘nerds’ trabalhando em um porão. As empresas não conseguem articular para os jovens que o trabalho em TI pode ser bom”, diz Juliano. Além disso, existe a questão do profissional de TI buscar abrir seu próprio negócio, como a criação de uma startup, em vez de trabalhar em uma empresa.

Para suprir a deficiência de profissionais, muitos participantes afirmaram optar por treinar seus funcionários, contratando aqueles que apresentam as melhores características pessoais. “O principal requisito que observamos é a atitude, pois o treinamento nós damos. A parte técnica, de um jeito ou de outro, se resolve. A tecnologia muda muito rápido, então é ótimo se o profissional tem uma noção, um raciocínio de como funciona a o setor, mas se ele não tem atitude, não funciona”, afirma o diretor de produtos e recursos em uma empresa do setor industrial, Roberto Wik.

Para Renata Marques, profissional com mais de 25 anos de experiência em TI e hoje CIO para América Latina de uma grande multinacional, um bom profissional precisa ter atitudes que vão além dos conhecimentos técnicos. “Buscamos pessoas que consigam aprender sozinhas, tenham a ansiedade natural por estar sempre querendo inovar, aprender e crescer. Dentro da área de TI, todo mundo tem que ter um pouco esse perfil de agente integrador, porque tem que integrar com business, com equipes, e se não tiver esse perfil, é só mais um técnico”, analisa.

Para Alexandre Quinze, CIO com 20 anos de experiência, o fomento ao treinamento deve ser feito não só pelas grandes empresas, mas também pelas pequenas. “Sabemos que as grandes corporações não encontram problemas em dedicar uma parte de seus orçamentos para o investimento em profissionais, mas essas empresas representam até 20% da demanda. As pequenas corporações também precisam de uma estratégia”, aponta.

“As deficiências do Brasil são as mesmas das outras partes do mundo. A CompTIA está empenhada em contribuir para suprir as demandas por todos os tipos de habilidades, não só as técnicas. Por isso, vem realizando trabalhos com mais de três mil parceiros acadêmicos e de treinamento ao redor do mundo”, diz Leonard Wadewitz, diretor para América Latina e Caribe da CompTIA.

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