Por Olivier Capoulade *
Não há mais espaço nas ruas. São carros, bicicletas, patinetes e pessoas ocupando cada espaço disponível. O problema do trânsito já é visto como fator comum nas grandes cidades.
Em São Paulo, é necessário fazer uma estimativa prévia em plataformas que monitoram o trânsito para planejar quanto tempo será gasto no caminho até determinada reunião ou mesmo para chegar ao trabalho.
Há décadas, filmes futuristas mostram meios de transportes voadores como forma de agilizar a locomoção de um ponto a outro. Mas já pensou que incrível seria se pudesse sobrevoar todos os carros parados no congestionamento?
Mas o problema existe mesmo?
A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) avaliou o trânsito em São Paulo entre 2016 e 2018, e percebeu que as pessoas que circulam de carro perdem em média 23,4 minutos por dia por conta dos congestionamentos. De uma forma geral, o atraso chega a ser 35% a mais do que o esperado.
Um estudo de 2016 do Ibope mostra que os paulistanos passam em média um mês e meio presos no trânsito a cada ano, enquanto os motoristas que usam o carro entre cinco e sete dias por semana gastam em média três horas por dia no trânsito.
Estima-se que até 2030, 60% da população mundial viverá nas cidades (5 bilhões de pessoas), um aumento de 10% em relação aos dias de hoje. O crescimento da população urbana levará, inevitavelmente, a uma elevação nos níveis de trânsito e congestionamento nessas cidades.
É possível resolver esse problema?
Como já não há mais espaço nas ruas, temos que buscar uma nova forma para se locomover nos centros urbanos. O famoso “carro voador” é uma solução que tem sido buscada por diferentes empresas ao redor do mundo.
Os projetos de veículos aéreos elétricos autônomos – chamadas de eVTOL (Electric Vertical Take-off and Landing) – deverão ficar prontos em breve, mas serão necessários entre 5 a 10 anos para que essas novas tecnologias estejam amplamente disponíveis.
São Paulo e Nova York são as duas cidades com o maior número de helipontos e de helicópteros, e já disponibilizam uma grande infraestrutura. Ao combinar isso com a tecnologia de voos compartilhados, é possível voar com custos até 80% menores que os serviços de táxi aéreo tradicionais.
Como resultado, está se democratizando as viagens de helicóptero nas cidades mais congestionadas do mundo, além de estimular um ecossistema que ajudará a viabilizar as cidades verticais do futuro.
Funciona mesmo?
Sou francês e viajo com frequência para a França para visitar família e amigos. Antes eu perdia uma tarde inteira por conta do trânsito até o aeroporto – até porque temos que chegar com três horas de antecedência em voos internacionais. E, como o trânsito é imprevisível, sempre temos que prever o pior cenário.
Agora não preciso mais perder uma tarde de trabalho porque sei que o tempo de deslocamento do helicóptero é fixo – 15 minutos. Assim, consigo otimizar meu tempo no trabalho e com minha família.
Embora o assunto mobilidade urbana esteja sendo pautado frequentemente nos últimos anos, a população ainda acompanha as tendências do setor com certa hesitação quando o assunto é voar de helicóptero.
Adaptar-se à essa tecnologia como locomoção em diferentes esferas é primordial para o avanço do deslocamento nas grandes cidades utilizando novos meios de transporte.
* Olivier Capoulade é COO da Voom