A necessidade de passar mais tempo em casa, por conta da pandemia de Covid-19, fez com que as pessoas se preocupassem mais com os cuidados do lar nos últimos anos. É o que diz uma pesquisa realizada pela Nuvemshop. O levantamento apontou que o segmento “casa e decoração” teve uma alta de 300% em compras feitas pela internet entre 2019 e 2021.
Ainda segundo o levantamento, pequenas e médias empresas do setor de casa e decoração registraram um montante superior a R$ 200 milhões em faturamento em 2021. O valor é o dobro do atingido em 2020.
Com a pandemia, o lar deixou de ser visto como um espaço somente para dormir – ou para refeições rápidas. Para muitas pessoas a casa passou a ser também um ambiente de trabalho, descanso, estudo e até de lazer.
“Durante a pandemia preferi respeitar as orientações de distanciamento social. Acabei passando muito tempo em casa por conta do home office e por não sair mais para ir ao cinema ou à academia. Com isso acabei investindo em um sofá novo, que eu já queria trocar mesmo, e em aparelhos para me exercitar em casa”, conta Jefferson Freitas, contador da cidade de Ilhota, Santa Catarina, que mudou os hábitos durante o período pandêmico.
A designer de interiores Lesley Nunes sentiu na prática as novas necessidades dos clientes. Os projetos passaram a exigir pontos de atenção antes não explorados pelos clientes. “Vejo que cuidar do lar passou a ser uma prioridade tão grande quanto viajar, por exemplo. As pessoas têm dado preferência por possibilidades de fácil acesso e realização, mas que mudem um ambiente, com pinturas de paredes, molduras e painéis. As pessoas estão mais atentas, não querem só um projeto bonito. Querem algo funcional”, analisa.
O cenário pós-pandemia
Para 2022 o mercado segue otimista. “Espera-se que o setor continue crescendo em 2022, isso porque os consumidores já estão habituados a comprar on-line com preços competitivos do mercado e há pessoas que seguirão desenvolvendo algumas atividades em casa, como nos modelos de trabalho remoto e híbrido”, defende Guilherme Pedroso, um dos responsáveis pela pesquisa.
Neste cenário as empresas do setor seguem aproveitando a tendência de cuidados com o lar. “O desafio das empresas, hoje, é fazer com que esse cuidado com o lar permaneça, que não tenha sido apenas uma fase. Investimentos em tecnologia, relacionamento com o cliente e o lançamento de novos produtos, que atendam a necessidade real das pessoas, serão primordiais para que o setor siga em alta”, avalia Robson Ferreira, sócio-proprietário da Meu Rodapé, empresa do nicho de decoração e acabamentos.
Mesmo com o fim da pandemia, as perspectivas para o mercado são boas. Segundo Pedroso, o mês de janeiro de 2022 registrou um aumento de 9% do faturamento no setor comparado ao mesmo período de 2021. Já a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abainc) divulgou levantamento apontando que o lançamento de imóveis cresceu 27% em 2021 em comparação a 2020 – totalizando 153,7 mil unidades. Um mercado ainda a ser explorado pelo setor de casa e decoração nos próximos meses.