Qualquer aparelho eletrônico hoje em dia é taxado como sendo o responsável pela alienação das pessoas. Uns dizem que não existe mais conversa, que todo mundo fica com a cara enfiada no seu smartphone, tablet ou notebook e não nota quem está próximo para puxar uma conversa animada ou mesmo fiada, não importa.
Quantas vezes você vá ouviu isso? Eu já ouvi relatos de mães que dizem chamarem seus filhos para comer via WhatsApp, mesmo eles estando em casa trancados no quarto. Outras reclamam que eles não atendem o telefone fixo, pois são uns folgados que só “ficam cutucando o celular”, como esbravejou uma delas.
Essa história de não atenderem o telefone até faz sentido do ponto de vista da comunicação, pois nenhum deles dá para os amigos o número do aparelho que fica paradão preso na parede por um fio, esperando que alguém dê bola pra ele. Já do ponto de vista social, são folgados mesmo e não estão nem aí para fazerem o favor de atender a ligação que toca sem parar e chamar quem for preciso.
Mas pelas imagens deste post, que vão da década de 30 até o início da de 60 do século passado, quando o assunto é informação, dá para perceber que a única coisa que mudou foi a substituição do jornal por um aparelho eletrônico. Este, além de informação, fornece entretenimento, interação com outras pessoas que provavelmente você nunca viu pessoalmente, mas que chama de amigo, e muito mais.
Claro que o ambiente das imagens não propicia que as pessoas puxem conversa com desconhecidos a partir do nada. Mas ela é emblemática pois hoje, em qualquer transporte público, o jornal foi substituído por smartphone e fones de ouvido.
Mas por que isso acontece? O que levava as pessoas a mergulharem no jornal antigamente ou nos smartphones atualmente e ignorarem o que está à sua volta? Quem explica é o Dr. Paulo Bregantin, psicanalista clínico: “As redes sociais hoje são muito importantes, pois funcionam como uma válvula de escape da realidade e isso é necessário para o ser humano. No caso do jornal, antigamente, quando não existiam a internet e as redes sociais, ele também fazia esse papel, porém em uma escala muito menor.”, afirma o Dr. Bregantin.
E antes que alguém diga que as situações são muito diferentes, pois na época das imagens ninguém ficava lendo jornal em uma mesa no restaurante acompanhado de outras pessoa, como acontece hoje com os smartphones, lembro que isso não acontecia porque não existia interatividade. E não precisa ir muito longe: antes dos smartphone e internet móvel, quando os celulares serviam apenas para falar, no início deste século, ninguém interagia com eles porque as redes sociais não existiam.