* Por Rodrigo Parreira
A maioria de nós, que está há alguns anos no mercado de tecnologia, veio de uma época em que se dizia “build it and they will come”, isto é, primeiro construímos o que quer que seja (o data center, uma aplicação, uma rede…) e depois nos preocupamos com quando e como serão utilizados esses ativos.
Naquele período, tudo era novidade, e as possibilidades tecnológicas eram tão amplas que, ao final, essa estratégia sempre dava certo. Em particular, havia vontade e disponibilidade de recursos dos acionistas das empresas. Eles queriam explorar o mundo novo que as ideias de base tecnológica traziam – e, portanto, os investimentos ocorriam facilmente.
Mas o mercado mudou e amadureceu. Os elementos básicos das plataformas tecnológicas já foram instalados na maioria das empresas e a apropriação de seus benefícios é bem entendida pelos investidores. Essa melhor compreensão da realidade leva os acionistas das empresas a pautarem os gestores de TI com uma agenda mais sofisticada: como desenhar e implementar arquiteturas flexíveis, escaláveis e eficientes em termos de custos? E o elemento central na resposta desta pergunta é… software!
Não que software seja algo novo nas arquiteturas de TI. Porém, o mercado sempre viu seu valor no chamado front end, ou seja, nas camadas mais próximas à interface com o usuário, associado às chamadas “aplicações”. Por outro lado, a infraestrutura – o hardware (redes, servidores, armazenagem, etc.), fazia parte do back office, a “casa de máquinas” da TI. Em algum lugar no meio disso tudo estavam as plataformas de gestão que, dependendo do viés do analista, poderiam ser classificadas de um lado ou de outro.
E assim se dividia, a grosso modo, o mercado de TI: de um lado, o front end, dominado por plataformas de software e seus fornecedores (Oracle, Microsoft, SAP, etc.) e, de outro, a infraestrutura, fortemente orientada à hardware e seus vendors (Cisco, IBM, HP, EMC, Dell, etc.).
O que estamos vendo atualmente é a rápida convergência dessas duas camadas. Cada vez mais é difícil definir onde termina a infraestrutura e onde começa a aplicação. Plataformas de virtualização e migração de aplicações para nuvens públicas e privadas, aliadas a uma rápida perda de valor dos elementos de hardware, estão associadas a uma mudança radical de cenário.
Flexibilidade
Os clientes corporativos querem, cada vez mais, utilizar soluções de software rodando sobre equipamentos genéricos e baratos. Elementos específicos da infraestrutura, como roteadores, firewalls e servidores, estão sendo rapidamente transformados em instâncias virtuais construídas, na maior parte das vezes, a partir de plataformas abertas, a exemplo de Openstack, KVM, entre outras. A articulação desses elementos físicos e virtuais com nuvens públicas garante o máximo de flexibilidade e escalabilidade, e os grandes desafios passam a ser a gestão e a operação dessa arquitetura.
Esse é o cenário que define o papel do integrador e do prestador de serviços no mercado de TI daqui para a frente. As corporações necessitam de parcerias com empresas que possam estar junto com elas não apenas na implementação, mas também na operação dessas arquiteturas, garantindo a constante atualização dos componentes de software envolvidos, a integridade e a segurança do fluxo de informações e a transparência na gestão dos ativos reais e virtuais. Em suma, uma proposta de valor de serviços essencialmente ancorada em plataformas de software, para um usuário cada vez mais maduro e consciente dos custos e benefícios envolvidos em suas opções tecnológicas.
* CEO da Logicalis na América Latina
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