As empresas brasileiras têm um longo caminho a ser percorrido para que o ambiente tecnológico esteja totalmente preparado para suportar as demandas da Transformação Digital. É o que conclui um estudo da consultoria IDC e patrocinado pelas fabricantes Dell EMC e Intel. A pesquisa, batizada de IT² – Indicador de Transformação da TI, mostra que, em uma escala de 0 a 100, as companhias instaladas no Brasil atingiram uma média de 43,7 pontos, abaixo do que seria o ideal.
De acordo com o estudo, a Automação de Processos foi o tema com os mais baixos resultados (média de 33,9 pontos) entre os indicadores. Em seguida aparece a Modernização da Infraestrutura (com 42 pontos) e os Processos Internos e Cultura (com 55,2 pontos).
“Temos a visão de que a transformação da TI será um passo essencial para suportar a digitalização dos negócios, a partir de infraestruturas flexíveis e escaláveis, com processos automatizados. Mas o estudo demonstra que as organizações ainda têm um longo caminho a percorrer e, principalmente, tendem a enfrentar problemas com uma possível retomada da economia e um aumento na demanda por projetos digitais”, explica Marcelo Medeiros, vice-presidente da divisão de Soluções Computacionais e de Redes da Dell EMC na América Latina.
Só uma pequena parcela das organizações já implementou mecanismos avançados para automatização, apesar dessa questão ser essencial para que as empresas tenham agilidade para adequar o ambiente de TI para as novas demandas dos negócios relacionadas à transformação digital e consigam alocar os profissionais para tarefas estratégicas.
O estudo aponta que a virtualização tem sido o principal ponto avaliado pelos gestores da infraestrutura de TI no sentido de automatizar a gestão dos ambientes e ter mais flexibilidade para atender novas demandas. Os servidores têm sido um dos recursos mais virtualizados pelas empresas, com 67% dos entrevistados indicando que apresentam de 51% a 100% do processamento em máquinas virtuais. Em contrapartida, os equipamentos de rede aparecem como um dos recursos menos virtualizados pelas organizações, com mais da metade dos entrevistados não utilizando esse recurso.
A maioria das empresas não utiliza mecanismos essenciais para automatizar processos de TI. Como reflexo 57% dos entrevistados afirmam ainda não ter planos de implementar o chargeback (tarifação pelo uso) – para cobrar das áreas de negócios pelo uso efetivo dos recursos tecnológicos – e o mesmo percentual (57%), por enquanto, não pretende adotar DevOps, metodologia voltada a melhorar a comunicação, integração e colaboração entre os responsáveis pela infraestrutura de TI e os desenvolvedores de software.
Entre os entrevistados, só 17% já utilizam o chargeback e 15% pretendem implementar nos próximos 12 a 24 meses. Enquanto 13% adotam o DevOps e 13% disseram que existe interesse no tema pela área de Desenvolvimento e de Operações.
No conceito de Modernização da Infraestrutura, 23% desconhecem o storage definido por software. Apesar dos negócios exigirem respostas cada vez mais rápidas e atualizadas da TI, as novas soluções de infraestrutura não têm sido adotadas ou analisadas na velocidade adequada. Como reflexo, muitas das empresas ainda não avaliam o uso de infraestruturas definidas por software, apontadas como um caminho essencial para garantir a modernização dos ambientes para atender a demanda por transformação digital.
Quando questionados sobre a perspectiva de adoção das tecnologias mais recentes para a modernização da infraestrutura de TI, 13% já implementaram o storage definido por software e 8% planejam adotar em 12 a 24 meses.
O levantamento demonstra ainda que só 9% das empresas consultadas têm a infraestrutura de TI na modalidade de cloud, com automação, cobrança por uso e acesso pela internet. Enquanto que a maioria encontra-se no estágio inicial da modernização, com 40% das organizações na fase de virtualização (com consolidação e gerenciamento dos equipamentos virtualizados) e 40% na etapa de consolidação dos ambientes. Outros 11% das corporações apontam que estão em fase de automação, com virtualização de equipamentos e provisionamento da infraestrutura sob demanda.
Processos Internos e Cultura: só 19% fazem análise de ROI de todos os projetos de TI. Apesar de o estudo demonstrar que Processos Internos e Cultura são o tema mais bem posicionado pelas organizações para suportar a transformação digital, os resultados apontam que os decisores da área de infraestrutura têm muito a avançar nessa questão. Um exemplo dessa constatação está no fato de que só 19% dos entrevistados afirmam realizar a análise de ROI (retorno sobre investimento) de 100% dos projetos de TI. O que demonstra uma dificuldade de comprovar resultados para as áreas de negócio.
Outro ponto de atenção do estudo em relação a Processos Internos e Cultura refere-se ao fato de que a maioria dos gestores da área de infraestrutura de TI considera que ainda não são vistos como estratégicos nas organizações. Quando questionados sobre a percepção que os gestores de negócio têm da área de Tecnologia da Informação, só 24% apontam que representam um diferencial competitivo para o negócio, enquanto 44% se veem com uma área de serviços que alavanca os resultados da empresa, 30% como um centro de custos e 1% como inibidores para os negócios.
Parte dessa visão pouco estratégica deve-se ao fato de que, nos últimos 12 meses, os principais projetos conduzidos pelas áreas de TI foram voltados à redução de gastos operacionais, citados por 62% dos profissionais consultados no estudo.
Ainda de acordo com o estudo, mais de 47% das empresas investem mais de 60% dos orçamentos de TI no legado e menos de 40% a iniciativas transformacionais ou associadas à inovação. Segundo Pietro Delai, gerente de Pesquisa e Consultoria da IDC, o estudo trouxe uma visão interessante dos próprios gestores de TI, que se sentem melhores avaliados pelas áreas de negócio quando investem mais na inovação que no legado.
“Os gestores da infraestrutura de TI têm um grande desafio pela frente e que passa por comprovar os resultados dos seus projetos para as áreas de negócios e, principalmente, aumentar iniciativas inovadoras. Com a perspectiva de aumento nas demandas por transformação digital, a área de tecnologia será desafiada a, com um mesmo orçamento, alavancar projetos que sejam mais estratégicos para o negócio. Uma fórmula que só será possível com automação dos processos, modernização da infraestrutura e uma abordagem mais estratégica dos gestores de TI”, conclui o vice-presidente da divisão de Soluções Computacionais e Equipamentos de Rede da Dell EMC na América Latina.
Ferramenta
Junto com os resultados do estudo, é lançada a ferramenta IT² – Indicador de Transformação da TI, desenvolvida pela IDC, em colaboração com Dell EMC e Intel. Trata-se de uma análise online e gratuita, disponível em https://IT2.idclatinsurvey.com, por meio da qual as empresas brasileiras podem avaliar o grau de maturidade da sua infraestrutura de TI para suportar a transformação digital e comparar os resultados com outras organizações instaladas no Brasil.
O estudo da IDC Brasil, patrocinado por Dell EMC e Intel, entrevistou 250 profissionais responsáveis pela decisão de compra da infraestrutura de TI de empresas privadas com mais de 250 funcionários. A análise, realizada no segundo semestre de 2017, avaliou três grandes indicadores essenciais para a maturidade dos ambientes tecnológicos para suportar a transformação digital dos negócios: Processos Internos e Cultura, Automação de Processos e Modernização da Infraestrutura.
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