*Wilson Vieira
Veículos elétrico, autônomo e conectado são grandes expectativas de popularização para um futuro ainda muito distante. Todos munidos de alta tecnologia que promete facilitar a vida do cidadão e contribuir para a saúde do planeta.
Visto no mercado mundial como a melhor alternativa em eficiência energética, o veículo elétrico (VE) ainda está muito longe de chegar a um patamar minimamente aceitável no Brasil para a indústria. Engana-se quem acha que esse é um sonho possível de ser concretizado com facilidade.
Isso porque ele ainda está envolto nas amarras da alta carga tributária e da falta de infraestrutura, fazendo com que o seu preço pese, e muito, no bolso de quem pretende adquirir um dos cobiçados exemplares. Um golpe contundente na expectativa de popularização.
Em 2014, foram adquiridas no Brasil pouco mais de 800 unidades. O ideal é chegar a 30 mil veículos vendidos por ano, praticamente o volume mensal do líder de vendas, o Fiat Palio. O alto custo impulsionado pela carga tributária chega a quatro vezes o valor praticado no país de origem do VE.
Preço alto não emplaca
“Enquanto não tiver preço atraente, não vai emplacar. A redução dos impostos e o incentivo do governo são as chaves para popularizar o veículo elétrico no País. A partir daí, teremos uma concorrência leal. É preciso ver o veículo elétrico como um produto popular. Hoje, a taxa de imposto de um VE é a mesma de um carro importado de luxo”, afirma o presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Ricardo Guggisberg.
Atualmente, sete estados brasileiros [Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe e Rio Grande do Sul] oferecem isenção de IPVA para veículos elétricos. São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul mantêm alíquota diferenciada. Na capital paulista, quem anda de carro elétrico está livre do rodízio municipal desde maio do ano passado, quando foi sancionada lei que também devolve o percentual do IPVA que o governo estadual destina para o município.
Pressionar o governo federal para ter condições de aumentar a competitividade dos VEs é uma das metas da ABVE para este ano. Recentemente, acordo firmado com a Caixa Econômica Federal para abrir linhas de financiamentos de veículos elétricos foi considerado um importante passo para alavancar as vendas no País.
A Empresa de Pesquisa Energética, ligada ao Ministério de Minas e Energia, estima que, até 2050, o Brasil terá 64,4 milhões de veículos híbridos e 11,8 milhões de carros elétricos [apenas 9% da frota nacional]. Atualmente, Japão e China, onde há maior concentração do mercado, respondem por 15% da frota mundial de carros elétricos, estimada em 7 milhões.
Postos de recarga
A abertura de novas linhas de crédito para facilitar a aquisição de carros elétricos cria expectativas para a instalação de mais eletropostos, que hoje não passam de 50.
Parceria firmada entre a rede Graal e CPFL com a ABVE já garantiu a ampliação da rede de postos de recarga de carros elétricos. Existem unidades em shoppings e outros pontos comerciais. Cada posto de recarga tem custo médio de R$ 80 mil. Uma estação doméstica custa R$ 4 mil. Para Guggisberg, a crise no setor energético não deve ser enxergada como obstáculo. “Um carro elétrico consome menos do que um aparelho de ar-condicionado”, compara.
De acordo com a CPFL, o valor do quilômetro rodado de um carro a combustão, considerando o uso do etanol, é de aproximadamente R$ 0,19. No veículo movido à eletricidade, esse valor é R$ 0,05.
*Wilson Vieira, autor da reportagem, é editor do Radar Nacional
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