O risco de morrer pela boca não é força de expressão. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), doenças transmitidas por alimentos (DTAs) são um dos principais problemas de saúde pública mundial. Anualmente, há 600 milhões de casos de doenças causadas pela ingestão de alimentos contaminados todos os anos no mundo, ocasionando 33 milhões de mortes, principalmente de crianças menores de 5 anos (elas correspondem a 40% dos óbitos).
No Brasil, de 2007 a 2020, foram notificados, por ano, uma média de 662 surtos de doenças alimentares, com o registro de 156.691 doentes (média de 17 doentes/surto), 22.205 hospitalizados e 152 óbitos. O Ministério da Saúde classifica este problema no rol das Doenças de Transmissão Hídrica e alimentar (DTHA), que são aquelas causadas pela ingestão de água e/ou alimentos contaminados
Entre os principais sintomas de contaminação alimentar, estão a diarreia, náuseas, vômitos, dores abdominais, febre e falta de apetite. Há mais de 250 tipos de DTHA no mundo, a maioria causada por bactérias e suas toxinas, vírus, parasitas intestinais oportunistas ou substâncias químicas. No país, as bactérias são as principais causadoras de doenças alimentares, principalmente a Escherichia coli a Salmonella spp. e o Staphylococcus aureus.
De acordo com especialistas, a contaminação do alimento pode ocorrer desde o momento do plantio, passando pelo processamento, armazenamento, distribuição e transporte e até preparo da comida. Por isso, é preciso estar atento às normas sanitárias e de segurança alimentar.
O monitoramento do frio é obrigação de todo varejista alimentar, de acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), mas ainda é frequentemente feito manualmente ou até mesmo negligenciado por grande parte das empresas. Um descaso que afeta a saúde de todos, já que a aplicação de baixas temperaturas na conservação de alimentos é fundamental para a diminuição da reatividade química e da atividade enzimática, além de inibir a multiplicação e a atividade de microrganismos.
Segundo Paulo Lerner, CEO da SYOS, a tendência é que o rigor da legislação neste setor aumente diante do volume de pessoas que adoecem pela ingestão de produtos mal conservados. Ele destaca que o consumidor pode fazer a sua parte, tomando cuidados na hora da compra, do transporte e do preparo dos alimentos perecíveis.
Confira algumas precauções que o consumidor deve tomar ao comprar alimentos congelados e refrigerados:
Cuidados no ponto de venda, transporte e conservação
– Não compre alimentos refrigerados ou congelados que estiverem fora da geladeira ou do freezer.
– Não compre produtos que estão sujos ou mofados ou com embalagem danificada, com furos, rasgos ou aberturas.
– Os alimentos congelados devem estar sólidos, sem sinais de descongelamento. Os produtos refrigerados devem parecer frios.
– No caso dos frutos do mar, certifique-se de que estejam bem embalados, em gelo, e que os pacotes estejam bem lacrados. Evite embalagens com cristais de gelo, pois este é um sinal de que o produto sofreu um descongelamento.
– Identifique a temperatura do freezer ou local que o produto está armazenado;
antes da compra. Não compre caso a temperatura do equipamento esteja acima da recomendada para o produto.
– Não compre alimentos prontos para consumo que foram deixados sem nenhuma cobertura ou embalagem em cima de balcões.
– No setor de frios, verifique se a equipe que está manipulando os alimentos está usando equipamentos e uniformes limpos. Observe também se eles lavam as mãos frequentemente e se, ao manusear diferentes tipos de alimentos, têm a precaução de não usar os mesmos utensílios.
– Deixe para pegar os alimentos congelados ou refrigerados quando estiver terminado as compras no mercado, assim eles ficarão menos tempo em temperatura ambiente dentro do seu carrinho.
– Caso disponível, leve uma bolsa térmica para armazenar os alimentos perecíveis durante o transporte até a residência.
– Coloque carne crua, aves e frutos do mar em sacos plásticos antes de arrumá-los no carrinho do mercado. Isso evitará que eles vazem e respinguem sobre outros alimentos, como pão ou folhas de alface, por exemplo.
– Caso perceba problemas na temperatura dos produtos e ou nos equipamentos em que estão armazenados, avise ao time da loja e ao gerente para que possam tomar medidas corretivas o mais rápido possível. Isso é muito importante e pode salvar vidas.
– Leve os mantimentos para casa o quanto antes e armazene-os na geladeira/freezer assim que chegar. E não esqueça de sempre realizar o transporte dos alimentos congelados e refrigerados em bolsas térmicas ou pequenos isopores.
– Não coloque as sacolas com alimentos perecíveis no porta-malas do automóvel durante o verão. Prefira levá-los com você dentro do carro e, de preferência, com ar-condicionado ligado.
– Refrigere ou congele os itens perecíveis assim que chegar em casa, isso evitará que eles descongelem ou fiquem em temperaturas inadequadas.
– Descongele os produtos na geladeira e não em temperatura ambiente, para evitar que estraguem por exposição em temperatura inadequada. O uso de água quente ou da exposição ao sol para acelerar o descongelamento propicia o surgimento e proliferação de bactérias e não é nada recomendável. Em caso de urgência, utilize o micro-ondas, para os produtos que serão consumidos imediatamente.
– Atenção: Muitos produtos não refrigerados precisam ser conservados em geladeira após a abertura. Leite é um exemplo disso. Isso acontece porque a embalagem impede a entrada de oxigênio e proliferação de microbactérias. Uma vez aberto, precisa ser conservado no frio.
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