Estimativa da Organização Mundial da Saúde aponta que, entre 60% e 80% dos casos de cegueira no mundo são evitáveis. Já no Brasil, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) demonstra, por meio do documento “As Condições da Saúde Ocular no Brasil 2019”, que a cegueira atinge 1.577.016 brasileiros, sendo que 74,8% dos casos poderiam ter sido prevenidos ou curados se tivessem recebido tratamento apropriado a tempo.
Glaucoma, catarata, retinopatia diabética e degeneração macular relacionada à idade são algumas das doenças que mais levam à cegueira em todo o mundo. Principal causador da cegueira irreversível no planeta, o glaucoma deve afetar 111,8 milhões de pessoas em 2040, segundo projeção da OMS.
Criada para alertar a população sobre doenças oculares que podem levar à cegueira, a campanha Abril Marrom discute a importância do diagnóstico precoce, tratamento e reabilitação das doenças que afetam a visão. Referência mundial em soluções para a saúde ocular, a ZEISS reforça a importância da campanha e convida o médico oftalmologista Dr. Vital Paulino Costa, chefe do setor de glaucoma da UNICAMP, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma e ex-vice-presidente da Sociedade Ibero-Americana de Glaucoma, para falar sobre saúde ocular e o impacto da pandemia na prevenção e tratamento do glaucoma.
“O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível no mundo. Um ponto muito importante a respeito do glaucoma é o fato de ser uma doença silenciosa, ou seja, quando o paciente se dá conta da existência de um problema na visão, a doença já está em estágio avançado, o que muitas vezes dificulta e até impossibilita o tratamento. Por isso, é fundamental consultar um especialista periodicamente”, ressalta o oftalmologista.
Durante a pandemia, no entanto, esse acompanhamento periódico não foi realizado de forma adequada, o que fez com que muitos pacientes com glaucoma corressem risco de perda de visão. Liderados pelo Dr. Vital, pesquisadores do ambulatório de oftalmologia do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp avaliaram o impacto da pandemia no acompanhamento dos pacientes com glaucoma atendidos na instituição e identificaram redução significativa no número de consultas, exames, procedimentos cirúrgicos e liberação de medicamentos.
No período pré-pandêmico, os pesquisadores observaram 7.170 visitas clínicas, 1.525 exames de campo visual, 682 procedimentos cirúrgicos de glaucoma e 23.259 medicamentos liberados. Já no período do surto de covid-19, foram observados 532 visitas clínicas, 94 exames de campo visual, 145 procedimentos cirúrgicos de glaucoma e 18.692 medicamentos liberados. Os números revelam uma redução de 92,52% nas consultas clínicas ambulatoriais, 93,84% nos exames de campo visual, 72,74% nos procedimentos cirúrgicos e 19,63% nos medicamentos liberados.
“O glaucoma é causado principalmente pela elevação da pressão intraocular. A doença provoca lesões no nervo ótico e, como consequência, comprometimento da visão. Na maioria dos casos, o paciente não percebe nenhuma mudança na visão na fase inicial da doença, pois a perda gradual começa a partir da visão periférica, e só nas fases avançadas comprometerá a visão central. Quando chega a este ponto, geralmente, a cegueira já é irreversível.”, explica o Dr. Vital.
“O HC da Unicamp é referência em 42 municípios e presta atendimento pelo SUS para aproximadamente 3,2 milhões de pessoas. A redução apontada pela pesquisa é alarmante e nos leva a crer que teremos uma possível sobrecarga de pacientes com glaucoma não controlado no futuro – cenário que deve se repetir em diversas regiões do planeta. É fundamental que os pacientes retornem ao consultório para a realização de exames de controle e prevenção da doença”, completa.
Em 1º de abril de 2021, um reforço no diagnóstico passou a ser acessível a uma camada maior da população. A ANS incluiu a Tomografia de Coerência Óptica (OCT) entre os itens cobertos pelos planos de saúde, ampliando a cobertura para pacientes com glaucoma. É um exame não-invasivo que captura imagens do fundo de olho que ajudam a identificar doenças causadoras da cegueira evitável, como glaucoma e retinopatia diabética, por exemplo. Para contribuir com uma melhor resolução para os exames de OCT, a ZEISS desenvolveu, por exemplo, o CIRRUS 6000, equipamento de última geração que captura imagem em alta velocidade com detalhes em HD, permitindo uma análise precisa, processamento mais rápido e tomada de decisão baseada em uma variedade de condições clínicas e tipos de pacientes. Para os portadores de glaucoma, por exemplo, é possível fazer uma análise de progressão guiada para controle da doença.
Outro exemplo de contribuição importante da alemã para o diagnóstico adequado do glaucoma é o Humphrey Field Analyzer, também chamado de HFA. O equipamento analisa o campo visual do paciente, com foco na visão periférica, que oferece resultados completos em tempo 50% menor que os testes padrões, garantindo assim mais segurança e informações ao médico e mais conforto ao paciente.
Com a redução do número de casos de Covid-19 e a flexibilização do isolamento social, os pacientes com problemas visuais devem retomar sua rotina de acompanhamento periódico com o oftalmologista, o que deve impactar positivamente a saúde ocular de milhares de pessoas.
“Além de fundamental para o controle do glaucoma, a visita periódica ao oftalmologista é essencial também para diagnosticar e tratar adequadamente outras doenças que afetam a visão, como as que causam cegueira evitável, por exemplo. Para aqueles que não sofrem de nenhuma enfermidade visual, a consulta de rotina é igualmente importante, pois ajuda a prevenir o surgimento de problemas que afetam a saúde dos olhos”, conclui o Dr. Vital.
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