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Campeã nas piscinas, Etiene Medeiros incentiva atletas a apoiar causas sociais



Ana Moser nasceu em Blumenau, em 1968. Etiene Medeiros veio ao mundo 23 anos depois, em 1991, em Recife, Pernambuco. A primeira, é uma lenda do vôlei. A segunda, fez história na natação feminina. Duas mulheres de gerações diferentes, regiões distintas na geografia e modalidades separadas por quadra e água. Ainda assim, unidas por um ideal: usar o esporte e a educação como ferramenta de transformação social.

Em 2001, quando Etiene contava apenas dez anos de vida, Ana Moser desenvolveu um projeto de formação de atletas baseado no ensino de vôlei em escolas públicas e privadas do Brasil, embrião para o trabalho do Instituto Esporte & Educação (IEE), criado e presidido por ela. A ex-jogadora da seleção ampliou o IEE, que tornou-se referência em esporte educacional, ao dar oportunidade de inclusão para crianças e jovens (já impactou cerca de 6 milhões) e capacitação para profissionais de educação física (formou mais de 55 mil com sua metodologia).

A presença de Ana Moser e a participação na Caravana do Esporte despertaram, em Etiene Medeiros, o desejo de fazer a sua parte e devolver para a sociedade um pouco do que o esporte lhe proporcionou. A visita foi em 2019, em Baixo Guandu, no Espírito Santo. “Essa experiência foi transformadora. Depois, me encontrei com a Ana e aí veio o estalo de criar meu próprio projeto social. Eu já era fã dela e isso só aumentou ao sentir que compartilhamos os mesmos valores. A Ana me inspira até hoje”, conta Etiene.



O Instituto Etiene Medeiros (IEM) foi fundado em 2021,em Pernambuco, com a meta de trabalhar a inclusão de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, com práticas educacionais e esportivas acessíveis e seguras. Além do acompanhamento esportivo, com aulas de natação e outras atividades, o IEM está voltado para o desenvolvimento educacional dos jovens, estreitando a relação com pais e professores. “Eu chamo o projeto de filho”, conta Etiene.

“Ajudar a mudar a vida de uma criança não tem preço, nem como medir, e espero que mais atletas entendam a importância de contribuir mais com a sociedade. O esporte olímpico precisa pensar nas comunidades com um olhar fora da caixinha e criar situações e ações para ajudar a construir um futuro melhor”, comenta Etiene, que complementa. “Quando estive na Caravana do Esporte, conheci uma criança que participou para conseguir comer. O esporte move, seja contra a fome, seja a favor do bem-estar. É preciso atuar como um todo, especialmente junto aos mais vulneráveis”.

Etiene faz do Recife a base de seu instituto, mas não limita suas ações a Pernambuco. A nadadora esteve na Liga Esportiva NESCAU, em São Paulo, onde compartilhou experiências e momentos com crianças e jovens participantes da competição estudantil. “Gostaria de ver mais empresas e instituições fazendo esse tipo de ação e mostrando que a gente pode fazer uma sociedade melhor e disseminar os valores do esporte. Somos exemplos e podemos mudar a cadeia da sociedade.”, comenta.

Verônica Hipólito também criou seu Instituto – Etiene Medeiros foi acompanhada pela paratleta Verônica Hipólito na visita à competição Estudantil. São amigas e também compartilham valores e ideais. Medalha de prata e bronze nos Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, representando seu país nas provas de 100 metros e 400m na classe T38, além de campeã mundial nos 200m rasos, ela também criou e luta para manter seu projeto.

Verônica Hipólito criou uma equipe de atletismo paralímpico, a Naurú. O nome vem da etimologia Tupi Guarani, e significa bravo, herói, guerreiro. Além de todo este simbolismo, o termo ainda pode ser utilizado para referenciar tanto homens como mulheres, sem distinção de gênero. “A Naúru tem como missão principal focar todo os seus esforços na evolução dos seus atletas, dentro e fora das pistas, oferecendo oportunidades de crescimento constante, com assessoria de comunicação, busca de patrocínio, media training, educação financeira, línguas e outras atividades voltadas para o crescimento dos atletas”, conta ela, que busca recursos para ampliar o projeto para áreas sociais.

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