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Freemium ganha novos tentáculos e aumenta amplitude de monetização de dados



por Paulo Henrique Pichini*

Ainda pouco entendidos, mas muito utilizados, os serviços Freemium já acendem espaços físicos públicos e corporativos. Isso é feito com aplicações e inteligência, disponibilizados aos usuários como serviços especiais que melhoram sua experiencia e eficiência. Trata-se de uma quebra de paradigma própria da Web 2.0 que chega, agora, ao mundo físico.

O Freemium é um modelo de negócio que oferece gratuitamente (“free”) uma infinidade de serviços digitais. Nesse formato, é comum cobrar-se um valor (“premium”) por funcionalidades avançadas ou especiais.



A palavra “Freemium” foi criada em 2006 pelo norte-americano Fred Wilson para combinar esses dois aspectos de negócios na Web 2.0: “free” e “premium”. Hoje, esse conceito também está presente nos espaços físicos (aeroportos, shopping centers, estádios, etc.).

Alguns dos serviços Freemium digitais (virtuais, não físicos) mais populares são Linkedin, Spotify, Skype e Dropbox.

Essas são empresas gigantescas que, mesmo oferecendo acesso gratuito aos seus serviços, são muito lucrativas. A saúde financeira dessas empresas se baseia em três pilares: continuar atraindo novos usuários (o Skype, por exemplo, tinha 600 milhões de usuários em 2017); oferecer funcionalidades Premium suficientemente críticas para convencer parte desse universo a começar a pagar por seus serviços; e, finalmente, criar perfis de usuários (monetização de dados) que, com a ajuda de soluções de bigdata/analytics, serão usados para vender novos serviços e produtos.

Em nome da máxima rentabilidade, é essencial que o serviço Freemium atraia continuamente novos usuários. Conforme a atratividade da oferta paga, uma porcentagem desse universo acabará aderindo ao modelo Premium. Imagine que você seja o CEO de uma startup Freemium e receba um relatório dizendo que 1% é sua taxa de conversão (a porcentagem de usuários gratuitos que fizeram upgrade para um plano Premium) do trimestre mais recente.

O índice de 1% sinaliza que uma quantidade demasiada do que está sendo fornecido é gratuito — dando aos usuários pouco motivo para fazer upgrade. Entretanto, uma taxa de conversão muito alta não é necessariamente boa.

Isso acontece porque um dos benefícios de um modelo Freemium é a capacidade de gerar tráfego (um elemento chave da monetização de dados, a verdadeira força financeira do modelo Freemium). Pensando-se no quadro maior, talvez seja melhor converter 5% de 2 milhões de visitantes mensais do que converter 50% de 100.000 visitantes.

Mais do que a porcentagem de conversão para Premium, a grande meta dos investidores de um serviço Freemium é gerar tal volume de dados sobre os usuários do sistema ou do espaço físico que isso reverta em novas vendas.

Monetização de dados é a verdadeira força motriz do mercado Freemium.

Estamos falando de um cenário em que, a princípio, os dados sobre os usuários do serviço eram gerados por bancos de dados tradicionais, mensagens de e-mail, etc.

A evolução da tecnologia está fazendo com que outras fontes de dados sobre o usuário ganhem cada vez mais espaço: trata-se de soluções baseadas em beacons, video analytics, inteligência artificial e IoT (Internet of Things) capazes de estender a visão de dados, inicialmente cadastral, para dados comportamentais.

Passa a ser possível literalmente “enxergar” os movimentos do consumidor não só em um sistema digital (logs tradicionais mapeando o uso de uma aplicação Freemium como o Skype, por exemplo) mas, também, em um espaço físico. A meta é enriquecer e refinar o perfil desse consumidor/usuário.

Estas novas tecnologias acompanham os usuários em determinados ambientes inteligentes e os rotulam e escalonam por gênero, faixa etária, geolocalização. As soluções são capazes, também, de analisar por onde andaram e onde pararam dentro do espaço Freemium (aeroportos, shoppings, prédios corporativos, etc.)

A riqueza da análise aumenta quando se cruza esses dados com o perfil da pessoa em redes sociais e com outras aplicações que mapeiem seus hábitos de consumo. O resultado final contribui para aumentar, e muito, o volume de vendas e de novos negócios.

Para isso, os dados criados a partir dessas tecnologias serão monetizados de uma maneira muito sofisticada. A soma de serviços de consultoria de negócios com soluções de bigdata/analytics é o que irá gerar, ao final do dia, um dashboard sob medida para cada empresa – uma verdadeira alavanca de crescimento dos negócios.

Em 2019, inteligência e tecnologia farão com que a receita decorrente de monetização de dados aumente, atingindo novos patamares.

Segundo relatório da IDC sobre BigData (2017), a monetização de dados está se tornando uma grande fonte de receita. O fundamento disso é claro: até 2025, o mundo criará 180 zetabytes (180 trilhões de gigabytes) de dados.

Em face disso, veremos cada vez mais empresas analisando grandes volumes de dados para estabelecer o perfil dinâmico de seus usuários e clientes e, com base nele, projetar estratégias comerciais perfeitamente adequadas a cada um de seus usuários.

É exatamente aí que está o interesse de novos e grandes grupos de investimentos pelo mundo Freemium. Imagine acender com este tipo de tecnologia e inteligência um ambiente físico controlado e determinado. E, a partir daí entender o perfil e o comportamento de quem frequenta esse espaço.

Por um lado, o espaço oferece um ambiente altamente colaborativo e uma experiência única de lazer, convivência, colaboração profissional e pessoal.

Por outro, em troca de serviços Freemium e de uma experiência incrível, o usuário devolve seus dados e seu comportamento. De forma imperceptível, tudo isto já está acontecendo nos grandes centros urbanos brasileiros.

*Paulo Henrique Pichini é CEO e Presidente da Go2neXt Digital Innovation